Os corações amolecidos e os bolsos recheados pelo 13o fazem do mês de dezembro a época do ano mais próspera para as instituições de caridade e ONGs que atuam na cidade.
"Há um aumento tão avassalador de donativos durante a segunda quinzena deste mês que é possível bancar com esse valor todo o primeiro trimestre do ano seguinte, momento tradicional de vacas magras", afirma Tammy Allersdorfer, ?gerente-geral de desenvolvimento institucional do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), que precisa de R$ 5 milhões ?mensais para manter o atendimento a 2.500 crianças com câncer.
Mas, diferentemente de outros países, nos demais 11 meses do ano, a iniciativa desaparece. "Não temos a cultura filantrópica semelhante à de países mais desenvolvidos, em que pessoas físicas doam valores pequenos mensalmente. Aqui, as empresas ajudam muito mais", diz Patrícia Senise Gomes, assessora de filantropia do Instituto Azzi, grupo sem fins lucrativos especializado em direcionar investimentos de pessoas com alta renda para projetos sociais.
Segundo dados fornecidos pelo instituto, há 20 anos as empresas brasileiras doavam R$ 6 bilhões anualmente. Hoje, são cerca de R$ 20 bilhões. No entanto, entre pessoas físicas, o montante se manteve o mesmo, em cerca de R$ 1 bilhão/ano, apesar da melhoria da renda média.
Poucas instituições da cidade conseguem sustentar suas atividades com doações pequenas. Uma exceção é o Graacc, que tem 66% da sua receita oriunda de ?contribuições mensais de pessoas físicas, com valores inferiores a R$ 100. Já na Fundação Pró-Sangue, o êxito é menor. "Aumentamos o número de coletas de sangue quando há campanhas publicitárias, que custam caro", afirma a hematologista e hemoterapeuta Cynthia Arrais.
Segundo ela, em épocas como o Carnaval, as reservas paulistanas de sangue diminuem 30%, queda que se repete no inverno e em feriados prolongados. "Nem o Natal consegue ser incentivo para a população doar mais sangue. É uma pena."
A sãopaulo foi atrás dos maiores doadores da cidade para revelar suas motivações. Embora colaborem com itens diversos -de enxoval de bebê a gibis-, eles mencionam que o hábito de doar é, na maioria das vezes, adquirido em família
OBRA COMPLETA
Crítico de arte entregou mais de 300 livros a biblioteca
Admirador da trajetória de Massao Ohno, o crítico de arte José Armando Pereira da Silva, 73, tenta, desde o ano passado, compilar a obra do editor paulistano morto em junho de 2010, aos 74 anos.
Primeiro, José Armando tentou que um acervo fosse montado no Centro Cultural São Paulo, mesmo endereço onde Ohno teve sua primeira gráfica na cidade, na década de 1960, e onde editou obras de nomes como Hilda Hilst (1930-2004).
Lá, foi direcionado para a Biblioteca Mário de Andrade, no centro. Com a ajuda de familiares do editor e depois de procurar em bibliotecas de todo o país, o crítico arrecadou 300 obras, que foram entregues à Mário de Andrade -uma das maiores doações feitas ao espaço, que foi reaberto em janeiro deste ano.
A partir de 2012 será possível entrar em contato com os livros editados por Ohno, renomado por ter dado espaço em sua editora homônima a intelectuais e poetas em início de carreira. Além disso, inovou na arte gráfica das obras, publicando artistas como Manabu Mabe.
"Ainda há livros da Coleção dos Novíssimos que não conseguimos encontrar. Estamos pedindo a ajuda de todos", avisa José Armando. Quem quiser colaborar, deve entrar em contato ?com a biblioteca.
HÁBITO DE FAMÍLIA
Vendedora aprendeu a doar leite com a mãe
"Tem uma vaca leiteira escondida no seu quintal?" Essa era a brincadeira que Cristiana de Oliveira, 31, costumava ouvir com bom humor no Hospital do Servidor Público Estadual, na zona sul, que tem o primeiro banco de amamentação da cidade, aberto em 1967. Por lá, Cristiana detém o título de mais generosa doadora de leite materno.
Foi com a mãe que a vendedora aprendeu a dar destino para o leite que produzia com abundância após dar à luz o primeiro dos três filhos, em 1999. Quando Cristiana era criança, acompanhava a mãe, após o nascimento da irmã, em doações de leite ao Hospital do Servidor, o mesmo que a vendedora abasteceu.
Cristiana parou de ajudar o banco atualmente, pois o caçula, Matheus, de nove meses, "monopolizou" a fonte. "Não sobra mais. Eu doava até 500 ml por dia", conta.
Para iniciar as coletas, é necessário esterilizar um recipiente de vidro para guardar o leite, que deve ser mantido no congelador. A facilidade para ajudar é ressaltada por ela. "Era só ligar que iam buscar. É melhor dar do que jogar fora o leite que sobra nos primeiros meses."
"Infelizmente, poucas mulheres sabem o quanto é fácil doar leite e o bem que isso causa"
CRISTIANA DE OLIVEIRA, 31, vendedora
FONTE ; REVISTA SÃO PAULO
DANILA MOURA
"Há um aumento tão avassalador de donativos durante a segunda quinzena deste mês que é possível bancar com esse valor todo o primeiro trimestre do ano seguinte, momento tradicional de vacas magras", afirma Tammy Allersdorfer, ?gerente-geral de desenvolvimento institucional do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), que precisa de R$ 5 milhões ?mensais para manter o atendimento a 2.500 crianças com câncer.
Mas, diferentemente de outros países, nos demais 11 meses do ano, a iniciativa desaparece. "Não temos a cultura filantrópica semelhante à de países mais desenvolvidos, em que pessoas físicas doam valores pequenos mensalmente. Aqui, as empresas ajudam muito mais", diz Patrícia Senise Gomes, assessora de filantropia do Instituto Azzi, grupo sem fins lucrativos especializado em direcionar investimentos de pessoas com alta renda para projetos sociais.
Segundo dados fornecidos pelo instituto, há 20 anos as empresas brasileiras doavam R$ 6 bilhões anualmente. Hoje, são cerca de R$ 20 bilhões. No entanto, entre pessoas físicas, o montante se manteve o mesmo, em cerca de R$ 1 bilhão/ano, apesar da melhoria da renda média.
Poucas instituições da cidade conseguem sustentar suas atividades com doações pequenas. Uma exceção é o Graacc, que tem 66% da sua receita oriunda de ?contribuições mensais de pessoas físicas, com valores inferiores a R$ 100. Já na Fundação Pró-Sangue, o êxito é menor. "Aumentamos o número de coletas de sangue quando há campanhas publicitárias, que custam caro", afirma a hematologista e hemoterapeuta Cynthia Arrais.
Segundo ela, em épocas como o Carnaval, as reservas paulistanas de sangue diminuem 30%, queda que se repete no inverno e em feriados prolongados. "Nem o Natal consegue ser incentivo para a população doar mais sangue. É uma pena."
A sãopaulo foi atrás dos maiores doadores da cidade para revelar suas motivações. Embora colaborem com itens diversos -de enxoval de bebê a gibis-, eles mencionam que o hábito de doar é, na maioria das vezes, adquirido em família
OBRA COMPLETA
Crítico de arte entregou mais de 300 livros a biblioteca
Admirador da trajetória de Massao Ohno, o crítico de arte José Armando Pereira da Silva, 73, tenta, desde o ano passado, compilar a obra do editor paulistano morto em junho de 2010, aos 74 anos.
Primeiro, José Armando tentou que um acervo fosse montado no Centro Cultural São Paulo, mesmo endereço onde Ohno teve sua primeira gráfica na cidade, na década de 1960, e onde editou obras de nomes como Hilda Hilst (1930-2004).
Lá, foi direcionado para a Biblioteca Mário de Andrade, no centro. Com a ajuda de familiares do editor e depois de procurar em bibliotecas de todo o país, o crítico arrecadou 300 obras, que foram entregues à Mário de Andrade -uma das maiores doações feitas ao espaço, que foi reaberto em janeiro deste ano.
A partir de 2012 será possível entrar em contato com os livros editados por Ohno, renomado por ter dado espaço em sua editora homônima a intelectuais e poetas em início de carreira. Além disso, inovou na arte gráfica das obras, publicando artistas como Manabu Mabe.
"Ainda há livros da Coleção dos Novíssimos que não conseguimos encontrar. Estamos pedindo a ajuda de todos", avisa José Armando. Quem quiser colaborar, deve entrar em contato ?com a biblioteca.
HÁBITO DE FAMÍLIA
Vendedora aprendeu a doar leite com a mãe
"Tem uma vaca leiteira escondida no seu quintal?" Essa era a brincadeira que Cristiana de Oliveira, 31, costumava ouvir com bom humor no Hospital do Servidor Público Estadual, na zona sul, que tem o primeiro banco de amamentação da cidade, aberto em 1967. Por lá, Cristiana detém o título de mais generosa doadora de leite materno.
Foi com a mãe que a vendedora aprendeu a dar destino para o leite que produzia com abundância após dar à luz o primeiro dos três filhos, em 1999. Quando Cristiana era criança, acompanhava a mãe, após o nascimento da irmã, em doações de leite ao Hospital do Servidor, o mesmo que a vendedora abasteceu.
Cristiana parou de ajudar o banco atualmente, pois o caçula, Matheus, de nove meses, "monopolizou" a fonte. "Não sobra mais. Eu doava até 500 ml por dia", conta.
Para iniciar as coletas, é necessário esterilizar um recipiente de vidro para guardar o leite, que deve ser mantido no congelador. A facilidade para ajudar é ressaltada por ela. "Era só ligar que iam buscar. É melhor dar do que jogar fora o leite que sobra nos primeiros meses."
"Infelizmente, poucas mulheres sabem o quanto é fácil doar leite e o bem que isso causa"
CRISTIANA DE OLIVEIRA, 31, vendedora
FONTE ; REVISTA SÃO PAULO
DANILA MOURA
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