Pesando 28 quilos, ela foi liberada após consulta de rotina no Instituto de Psiquiatria da USP
A família da jovem Maria Cleneilda Fernandes, de 26 anos, tentou, sem sucesso, interná-la na terça-feira, 27, na Enfermaria de Distúrbios do Comportamento Alimentar (Ecal) do Instituto de Psiquiatria da USP, depois de passar por uma consulta ambulatorial. Maria tem anorexia, está com 28 quilos e tem índice de massa corporal (IMC) 11, abaixo do mínimo ideal, que é 18.
O Instituto de Psiquiatria (IPq) é um dos poucos centros do País que dão tratamento especializado em transtornos alimentares graves. O local possui dez leitos - todos ocupados no momento. Maria já esteve internada no local por três vezes, mas continuou a perder peso progressivamente mesmo depois de receber alta, em junho deste ano.
O psiquiatra Marcioniolo Laranjeiras, da Rede de Incentivo à Saúde e Satisfação Corporal Alimentar (Rissca), também acompanha a paciente e avalia que ela não poderia ter sido liberada da consulta na terça-feira por apresentar sinais clínicos graves, que aumentam o risco de morte.
“A Maria está com 28 quilos e perde peso a cada dia que passa. A internação é recomendada para pacientes com IMC menor que 14. Se não havia vaga, ela deveria ter sido transferida. Nessa situação, ela pode ter uma parada cardíaca e morrer por conta da inanição e da desidratação.”
Maria tem anorexia nervosa purgativa - um dos tipos mais sérios e complexos da doença, que atinge cerca de 10% dos pacientes com o transtorno. É uma paciente refratária, ou seja, não responde bem ao tratamento.
Segundo Raimundo Cleilton Fernandes, 34, irmão de Maria, ela começou a sofrer com anorexia há dez anos, depois que a mãe morreu em um acidente. “Ela perde peso dia após dia. Não posso deixar ela morrer em casa. Preciso cuidar dela”, diz Raimundo.
A enfermeira Emi da Silva Thomé, responsável pelo Grupo de Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, diz que em casos extremos como esse o paciente precisa ser internado com urgência.
“Com um IMC tão baixo, é preciso internar para restabelecer minimamente a condição clínica. E, para ter alta com segurança, o doente tem de alcançar IMC 19 e permanecer assim por pelo menos quatro semanas.” Emi diz que é recomendado repouso absoluto a pacientes com esse peso - já que qualquer gasto de energia pode ser prejudicial.
Falta de vaga. A assessoria de imprensa da superintendência do HC informou, por meio de nota, que Maria é paciente da unidade desde 2007 e já passou por três internações superiores a seis meses. E informou que ela é acompanhada em um programa de atendimento intensivo com médico, nutricionista, terapeuta individual e familiar.
A nota informa também que, havendo risco clínico, qualquer paciente psiquiátrico - como é o caso de Maria - é tratado emergencialmente em pronto-socorro até a estabilização do quadro. Diz que Maria só não foi internada novamente por falta de vagas. A nota não informa, entretanto, por que a paciente não foi encaminhada para outro serviço.
Na quarta-feira, 28, à noite, depois de ser liberada pelo IPq, Maria deu entrada em um pronto-socorro de Santo André, onde está à espera de um leito no Hospital Estadual Mário Covas.
FONTE : Fernanda Bassette, de O Estado de S.Paulo
A família da jovem Maria Cleneilda Fernandes, de 26 anos, tentou, sem sucesso, interná-la na terça-feira, 27, na Enfermaria de Distúrbios do Comportamento Alimentar (Ecal) do Instituto de Psiquiatria da USP, depois de passar por uma consulta ambulatorial. Maria tem anorexia, está com 28 quilos e tem índice de massa corporal (IMC) 11, abaixo do mínimo ideal, que é 18.
O Instituto de Psiquiatria (IPq) é um dos poucos centros do País que dão tratamento especializado em transtornos alimentares graves. O local possui dez leitos - todos ocupados no momento. Maria já esteve internada no local por três vezes, mas continuou a perder peso progressivamente mesmo depois de receber alta, em junho deste ano.
O psiquiatra Marcioniolo Laranjeiras, da Rede de Incentivo à Saúde e Satisfação Corporal Alimentar (Rissca), também acompanha a paciente e avalia que ela não poderia ter sido liberada da consulta na terça-feira por apresentar sinais clínicos graves, que aumentam o risco de morte.
“A Maria está com 28 quilos e perde peso a cada dia que passa. A internação é recomendada para pacientes com IMC menor que 14. Se não havia vaga, ela deveria ter sido transferida. Nessa situação, ela pode ter uma parada cardíaca e morrer por conta da inanição e da desidratação.”
Maria tem anorexia nervosa purgativa - um dos tipos mais sérios e complexos da doença, que atinge cerca de 10% dos pacientes com o transtorno. É uma paciente refratária, ou seja, não responde bem ao tratamento.
Segundo Raimundo Cleilton Fernandes, 34, irmão de Maria, ela começou a sofrer com anorexia há dez anos, depois que a mãe morreu em um acidente. “Ela perde peso dia após dia. Não posso deixar ela morrer em casa. Preciso cuidar dela”, diz Raimundo.
A enfermeira Emi da Silva Thomé, responsável pelo Grupo de Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, diz que em casos extremos como esse o paciente precisa ser internado com urgência.
“Com um IMC tão baixo, é preciso internar para restabelecer minimamente a condição clínica. E, para ter alta com segurança, o doente tem de alcançar IMC 19 e permanecer assim por pelo menos quatro semanas.” Emi diz que é recomendado repouso absoluto a pacientes com esse peso - já que qualquer gasto de energia pode ser prejudicial.
Falta de vaga. A assessoria de imprensa da superintendência do HC informou, por meio de nota, que Maria é paciente da unidade desde 2007 e já passou por três internações superiores a seis meses. E informou que ela é acompanhada em um programa de atendimento intensivo com médico, nutricionista, terapeuta individual e familiar.
A nota informa também que, havendo risco clínico, qualquer paciente psiquiátrico - como é o caso de Maria - é tratado emergencialmente em pronto-socorro até a estabilização do quadro. Diz que Maria só não foi internada novamente por falta de vagas. A nota não informa, entretanto, por que a paciente não foi encaminhada para outro serviço.
Na quarta-feira, 28, à noite, depois de ser liberada pelo IPq, Maria deu entrada em um pronto-socorro de Santo André, onde está à espera de um leito no Hospital Estadual Mário Covas.
FONTE : Fernanda Bassette, de O Estado de S.Paulo
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