Grupo de ‘intérpretes’ fica no canto ao lado do altar, logo à frente do público a quem a ação se destina
Foto: Tiago de Brino / especialMinistração e cânticos são traduzidos pela equipe de Libras, que pretende formar mais voluntários
Rodrigo Sassoli cresceu na igreja católica e durante muitos anos tentou frequentar a missa. Mas a surdez o impedia de compreender a celebração e ele acabou desistindo. Há dois domingos ele retornou à igreja e agora consegue compreender toda a homilia, graças ao trabalho de interpretação de Libras (Língua Brasileira de Sinais) de três voluntários da Associação de Surdos de Ribeirão Preto.
"Agora consigo conversar com Deus e entender a Bíblia", declara o assistente administrativo que mora no Parque Ribeirão e atravessa a cidade para assistir à missa na catedral. "Fiquei sabendo por um amigo surdo e agora, virei sempre", promete.
Desde o final de maio a equipe traduz as palavras e cânticos da celebração em sinais, permitindo que os surdos participem efetivamente da missa das 11h de domingo. "Queremos que os surdos tenham acesso e possam compreender o evangelho, dando continuidade à evangelização", explica a alfabetizadora e intérprete de surdos Flaidiane Viana dos Santos.
As pessoas com deficiência auditiva sentam na primeira fila da catedral, próximas aos intérpretes e ao altar. Em média, dez surdos frequentam a missa aos domingos. Entre eles, Lúcia Helena da Silva, que se sentia excluída por não conseguir acompanhar a missa e agora até se emociona durante a celebração. "Sempre senti que precisava da igreja", diz.
O objetivo da equipe de intérpretes é formar uma Pastoral de Surdos de Ribeirão para que o trabalho se estenda para outras igrejas da cidade. "Existe grande dificuldade na formação de intérpretes, que em Ribeirão são cerca de 30. Nossa intenção é formar voluntários", diz Flaidiane.
Os voluntários também estão fazendo estudos de catequese com o grupo, com auxílio do padre Francisco Jaber Moussa, para permitir façam a primeira comunhão.
O trabalho dos intérpretes chama a atenção de outros fiéis, que aprovam a iniciativa. "É inclusão social. E o trabalho deveria se estender a todas as igrejas", comenta a enfermeira Fátima Aparecida de Andrade. "É um trabalho muito importante para inseri-los na igreja, já que Libras é a única forma de comunicação deles", opina a fonoaudióloga Jessica Sanitá.
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