O título pode até parecer que foi mal escrito, mas segundo a JAMA (The Journal of the American Medical Association), um dos principais informes médicos e a The Cochrane Collaboration, uma organização americana sem finz lucrativos; publicaram em suas edições esta semana este assunto que trouxe polêmica e dividiu opiniões no mundo médico.
“Reduzir o consumo diário de sal pode não ser tão eficaz quanto se pensava para diminuir os riscos de problemas cardíacos ou de morte prematura.” Segundo uma revisão de artigos publicada pela organização sem fins lucrativos The Cochrane Collaboration, ingerir menos sal é eficiente apenas para diminuir a pressão sanguínea. O problema, no entanto, é que essa redução seria tão pequena, que não ajudaria a prevenir doenças cardíacas.
Segundo pesquisadores, os testes clínicos que foram conduzidos até hoje sobre os efeitos do sal à saúde não foram grandes o suficiente para provar que os resultados encontrados sejam verdadeiros. Na revisão atual foram analisados sete estudos com 6.489 voluntários ao todo. Mas, de acordo com a Cochrane, seriam necessários dados de, no mínimo, 18.000 participantes para resultados mais conclusivos sobre os benefícios à saúde. Espera-se, então, que novos testes de grande porte recomecem em breve.
Na visão dos pesquisadoes, a ideia de que o consumo de sal aumentaria a pressão arterial baseia-se em questões químicas e fisiológicas. Sabendo-se que o sal leva a uma retenção de água, o que levaria a um aumento transitório do volume sanguíneo e portanto a um aumento transitório da pressão arterial. Por compensação, o organismo corrige tal aumento com a excreção de sódio na urina.
“No caso de um doente hipertenso, o organismo deverá aumentar ainda mais a pressão arterial para manter o nível de sódio satisfatório.” Essa seria a teoria que levou aconselhar à população em geral e aos hipertensos em particular a redução do consumo de sal. No entanto, para o grupo de pesquisadores, falta demonstrar a existência de uma ligação clínica entre o consumo de sal, a pressão arterial e o risco cardiovascular na população em geral.
Em maio deste ano, a prestigiada revista de medicina JAMA (Journal of the American Medical Association), publicou um estudo que põe em questão um dos mitos mais tenaz da medicina: “o consumo de sal aumenta a pressão arterial e o risco cardiovascular.”
No estudo da JAMA, foram seguidas 3.681 pessoas durante 8 anos, e foi medida a excreção urinária de sal. Foram assim constituídos 3 grupos:
- baixo consumo de sal (média de 107 mmol de sódio),
- médio consumo de sal (média de 168 mmol de sódio),
- elevado consumo de sal (média de 260 mmol de sódio).
- médio consumo de sal (média de 168 mmol de sódio),
- elevado consumo de sal (média de 260 mmol de sódio).
Para eles, a excreção de sal na urina não equivale obrigatoriamente ao consumo de sal exagerado.
Foram avaliados então dois parâmetros:
1 – A existência de uma correlação entre o consumo de sal e a tensão arterial.
No grupo de baixo consumo, verificou-se o aparecimento de uma hipertensão em 27% dos doentes, no grupo de médio consumo a hipertensão foi verificada em 26,6% e nos de elevado consumo em 25,4%.
No grupo de baixo consumo, verificou-se o aparecimento de uma hipertensão em 27% dos doentes, no grupo de médio consumo a hipertensão foi verificada em 26,6% e nos de elevado consumo em 25,4%.
Conclusão: não existe qualquer relação entre o consumo de sal e o aparecimento de hipertensão arterial.
2 – A existência de uma correlação entre o consumo de sal e a mortalidade cardiovascular.
Durante estes 8 anos, verificou-se o falecimento por doença cardiovascular de 84 doentes. No grupo de baixo consumo: 50 mortes, no de médio consumo: 24 mortes e no de elevado consumo: 10 mortes.
Durante estes 8 anos, verificou-se o falecimento por doença cardiovascular de 84 doentes. No grupo de baixo consumo: 50 mortes, no de médio consumo: 24 mortes e no de elevado consumo: 10 mortes.
Conclusão: o risco de morte cardiovascular é 54% mais elevado nos que consomem pouco sal.
Este estudo causou muita discussão entre especialistas: a existência de uma relação entre o consumo de sal e o aumento da pressão arterial ou de morte cardiovascular.
Neste estudo, a morte cardiovascular até seria mais elevada nos que consomem pouco sal.
“Com os governos estabelecendo políticas com metas de consumo baixo de sal, e as empresas de alimento reduzindo a substância, é realmente importante que testes de grande porte sejam feitos para atestar os benefícios de se comer menos sal”, diz Rod Taylor, da Universidade de Exeter, na Inglaterra, e coordenador do estudo.
Polêmica – A revisão feita pela Cochrane e a publicação do estudo feita pela JAMA, gerou polêmica entre os especialistas em nutrição. Para Francesco Cappuccio, coordenador do centro de nutrição da Universidade da Warwick da Organização Mundial da Saúde, o trabalho não analisou devidamente os dados. “Esse estudo não muda as prioridades de redução de sal em todo o mundo para prevenir ataques cardíacos e derrames”, diz. De acordo com Simon Capewell, professor de epidemiologia clínica da Universidade de Liverpool, a pesquisa foi decepcionante e inconclusiva, além de não alterar em nada as políticas de saúde pública.
A redução do consumo de sal é indicada oficialmente em diversos países desenvolvidos. No Brasil, o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, orienta que o consumo diário de sal deve ser de, no máximo, cinco gramas (uma colher rasa de chá).
Até que a OMS (Organização Mundial da Saúde) não aceite a pesquisa, resta manter as recomendações, uma vez que clinicamente temos visto e comprovado uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes hipertensos em tratamento e com rigoroso controle no consumo do sal.
Resta-nos esperar novos testes e aguardar novas discussões.
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