segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Asma Brônquica Alérgica


asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que ataca o sistema respiratório, que resulta na redução ou até mesmo obstrução no fluxo de ar. Sua fisiopatologia está relacionada a interação entre fatores genéticos e ambientaisque se manifestam como crises de falta de ar devido ao edema da mucosa brônquica, a hiperprodução de muco nas vias aéreas e a contração da musculatura lisa das vias aéreas, com conseqüente diminuição de seu diâmetro (broncoespasmo).
As crises são caracterizadas por vários sintomas como: dispnéia, tosse e sibilos, principalmente à noite. O estreitamento das vias aéreas é geralmente reversível porém, em pacientes com asma crônica, a inflamação pode determinar obstrução irreversível ao fluxo aéreo.
Em muitos casos essa doença pode ser desencadeada por processos alérgicos, que através de uma exposição frequente a substâncias alérgicas o indivíduo pode hiperestimular seu sistema imunológico e provocar uma sensibilização ativa produzindo por consequência a aparição de Asma Brônquica Alérgica.
Para entender todo este processo vamos estudar passo a passo cada tópico e compreender melhor como se produz o seu aparecimento.
DEFINIÇÃO DE ALERGIA
Alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância estranha ao organismo, ou seja, uma hipersensibilidade imunológica a um estímulo externo específico. Os portadores de alergias são chamados de “atópicos” ou mais popularmente de “alérgicos”.
ESTUDO CIENTÍFICO
Existem pelo menos 30 anos de estudos sobre essa doença respiratória que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. As preocupações maiores da Asma para a clínica médica são com crianças ainda em idade escolar, os quais estão em um contato inicial com agentes externos e algumas substâncias alérgicas conhecidas comoalérgenos encontrada nos polens da plantas, epitélios de animais (pêlos e caspas) e na proteína de alguns insetos como, por exemplo, as abelhas.
Acreditava-se a princípio, que tais substâncias alérgicas eram as responsáveis pela produção dos chamados “Broncos-espasmos” que é um dos principais vilões desta doença. Tempos mais tarde descobriu-se que são responsáveis sim, mas não pela produção, se não, responsáveis por desencadear tal processo de defesa do corpo. O processo é simples, mas para entender precisamos detalhar o processo desde sua apresentação até sua fase final.
ETIOLOGIA
Como já sabemos os alérgenos, ou substâncias alérgicas que são os responsáveis por desencadear tal processo precisam ser apresentadas ao organismo humano. Vários fatores serão responsáveis ou não para estas manifestações, dentre elas fatores genéticos (Cromossomo 5Q) que torna estes indivíduos predispostos a desenvolver este processo. Quando uma substância alérgica ingressa em nosso organismo pela primeira vez, seja ela por boca, pele ou a nível respiratório algumas células tem fundamental importância neste processo.
PROCESSO DE SENSIBILIZAÇÃO
Vamos dar um exemplo a nível respiratório de como funciona ou inicia este processo. A primeira célula responsável por capturar este antígeno (substância alérgica) ao ingressar pela via respiratória e apresentar ao sistema de defesa celular (sistema imune) são as Células Dendríticas. Estas células apresentam tal substância à célula subseqüente desta cadeia chamada Linfócito T (CD4+) que acopla este antígeno ao seu receptor celular conhecido pelo nome de TCR (Receptor de Célula T). Esta última célula vai analisar quimicamente esta substância e informar a uma linha de ajuda celular chamada de LTh2 (Linfócito T – Helper II). Os LTh2, após entender a mensagem química (citocina) do LT(CD4+) vai estimular algumas células através da produção e liberação de uma substância chamada Interleucina (IL-4) que vai estimular os Linfócitos B (célula humoral) a produzir um anticorpo específico para esta substância alérgica chamados de IgE (Imunoglobulina E), e ao mesmo tempo também esta célula LTh2 vai produzir e liberar também outra interleucina (IL-5) que vai ativar e recrutar Eosinófilos (células do sistema imune, mediadores da inflamação). Nesta etapa o epitélio brônquico vai também segregar outra substância chamada “eotaxina”, que vai potencializar o efeito da IL-5 ativando e recrutando mais Eosinófilos que mais tarde vão liberar Leucotrienos, Eicosanóides e Prostaglandinas. Com o anticorpo IgE ativo no organismo ele irá procurar outras células, chamadas Mastócitos. As imunoglobulinas vão fixar-se na membrana desses mastócitos em receptores específicos chamados FC. A todo esse processo, se conhece por Fase de Sensibilização.
Quando o tempo de exposição a este antígeno (substância alérgica) é prolongado e contínuo vamos passar para a Fase Aguda do processo alérgico que é quando o indivíduo já sensibilizado tem o segundo contato com a substância. Neste segundo ingresso as células dendríticas não mais participam permitindo o ingresso dessa substância ao organismo para logo serem captadas por estes Mastócitos ativos por IgE em sua membrana, como mostra a figura.
Quando ocorre a junção deste antígeno ao anticorpo conectado ao Mastócitos, ocorre uma reação que provoca a lise (ruptura) da membrana desta célula, e como tais são carregadas de Histamina, substância que vai buscar receptores H1 em capilares e brônquios, os quais vão produzir transformações importantes a nível sistêmico. Vasodilatação capilar e Broncoconstrição respiratória com hipersecreção de moco. Estes processos vão estimular e favorecer a formação de edema, migração de células do tipo inflamatório provenientes da circulação sanguínea para iniciar um processo de fagocitose dessas substâncias alérgicas.
PROCESSO INFLAMATÓRIO
Essas transformações formam parte do processo de defesa de nosso organismo, infelizmente estamos tratando de uma manifestação exagerada de nosso corpo o qual produz dano contra ele mesmo. O problema é que o “medo” de nosso organismo frente a estas substâncias muitas vezes acaba sendo maior do que o problema que elas mesmas podem produzir.
Juntamente com a inflamação, teremos a formação de edema (acumulação de líquido no espaço intersticial). Este processo se torna com o passar das horas cada vez mais crônico e quando não existe um bloqueio ele pode acabar produzindo dano tissular que ao final será reparado pelos fibroblastos e corrigido por fibrose tissular.
COMPLICAÇÕES DA ASMA
Em se tratando de Asma Brônquica, é importante alertar a dois problemas chaves: Broncoconstrição eHipersecreção de Moco, uma fatalidade para um paciente asmático, pois estes fatores impossibilitariam este paciente de respirar, fato que se não tratado pode levar a morte. É nesta fase que vamos conhecer melhor a função de um anti-histamínico e dos esteróides. Os anti-histamínicos são fármacos (substâncias) que vão tapar (bloquear) estes receptores H1 para que não sejam estimulados pela Histamina de produzir tais efeitos devastadores. E os esteróides vão lutar contra a Broncoconstrição exagerada, revertendo este quadro e produzindo uma Broncodilatação, permitindo a passagem de ar e secreção, que vão possibilitar uma boa respiração e oxigenação deste paciente e a retirada dessas partículas através da secreção e movimento ciliar dos brônquios levando esta substância para fora da árvore bronquial, para que não continue estimulando esta resposta alérgica.
Outros fármacos também como os corticóides terão um papel fundamental no tratamento desta doença. É importante sempre para os pacientes que sofrem de tal afecção, consultar seu pneumologista, ele vai saber efetuar com precisão um diagnóstico precoce, bem como classificar a doença em Leve, Moderada e Grave.
TRATAMENTO
Os tipos de tratamentos recomendados são:
- Controle do agente alérgico (determinar a substância);
- Diminuir o tempo de exposição ao agente;
- Avaliar Fatores climáticos e Meio Ambiente;
- Tratamento com Fármacos (anti-histamínicos, corticóides e esteróides).
Em 90% dos casos o paciente consegue a cura da doença quando o reconhecimento é feito ainda na infância através de um bom diagnóstico e um tratamento oportuno deste paciente. Na fase adulta não é possível curar a doença, o que se busca é fazer um controle ambiental sobre a exposição do paciente ao agente causal e seu manejo climático. Pacientes asmáticos vivem com sérios problemas em regiões úmidas e frias. Nestes casos é indicado ao paciente buscar regiões mais quentes e secas com mudanças menos bruscas de temperatura. Com estas discas é possível viver bem com a doença e deixar as crises de asmáticas bem longe.
“Gostaria de lembrar mais uma vez que não costumo mencionar nome de medicamentos e posologia para não influenciar os pacientes a optarem pela automedicação, uma vez que para cada caso deve se estudar para saber a origem desta asma e a afecção do mesmo no organismo e determinar a etapa ou cronicidade desta asma. Estas determinações não podem ser feitas apenas por depoimentos, necessita sim a presença de um profissional para fazer os devidos diagnósticos através da anamnese e auxilio laboratorial quando necessário. Após tais procedimentos podemos determinar que tipo de tratamento este paciente possa seguir.”

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