sábado, 17 de setembro de 2011

O portador da lesão medular e o sexo


O medo da possibilidade de eliminar urina ou evacuar durante o ato sexual, trancafia o portador em um celibato voluntário. E para reverter este pensamento, o mais indicado é a terapia sexual. Uma orientação sobre o físico e o psicológico. A princípio, a troca de informações e experiências entre os portadores é fundamental para a aceitação e entendimento. Em um segundo momento, o portador é encaminhado a um urologista que apresenta a realidade médica e possibilidades terapêuticas.

O resgate da sexualidade e a participação do deficiente físico na comunidade. Esta é a proposta de Fabiano Puhlmann, psicoterapeuta especializado em deficiência física. O autor esclarece dúvidas sobre tratamentos, recursos e atitudes a serem mantidas para uma sexualidade plena e as dificuldades enfrentadas pelos deficientes contra o preconceito.notícia sobre o Bordel Holandês, me fez atentar sobre os deficientes físicos e o sexo. Lembrei imediatamente do filme do filmeCarne Trêmula de Almodóvar, inspirado no livro de Ruth Rendell. E apesar do filme não ter como tema central o drama do deficiente físico, nele Javier Bardem é um ex-policial cadeirante que tenta levar uma vida normal (social e sexual) após ter lesado a medula em um tiro acidental.
O filme é muito mais do que este fato, como todo Almodóvar, é uma crítica social regada a muito drama e sexo. A cena mais conhecida do filme é a que ilustra o poster (corpos de um homem e uma mulher invertidos e juntos), no entanto, não é esta que quero destacar.
Em Carne Trêmula, Javier Bardem e Francesca Neri, protagonizam uma cena que ilustra bem a dificuldade, mas também a sensualidade e possibilidade do prazer entre uma mulher normal e um cadeirante. Na cena, ela faz uso da barra que ele tem próxima à banheira, para segurar-se nela facilitando o sexo entre eles. Já tem um tempo que vi o filme, mas lembro que esta cena em especial era muito erótica.

A realidade sexual do portador de lesão medular

Sei que o universo da deficiência física é muito mais amplo que a lesão medular, mas preferi comentar sobre essa deficiência já que trata-se de algo, infelizmente, comum em nossa sociedade atual. Em tempos de balas perdidas e acidentes de trânsito indiscriminados, a re-socialização do cadeirante a níveis sociais, psicológicos e sexuais, tem que ser discutidas à exaustão para sensibilizar sociedade e as autoridades.
Uma pesquisa feita entre portadores de lesão medular, mostrou que 60% das mulheres e 50% dos homens, não tinham vida sexual após a lesão. E este desinteresse devia-se à própria condição física de estar em uma cadeira de rodas. Aspectos físicos e motores comprometiam a auto estima e também o vilão maior: o descontrole esfincteriano.
Certamente este assunto ainda voltará à tona, já que estou preparando uma série de posts à respeito disso, mas por enquanto, indico a leitura do livro Revolução Sexual Sobre Rodas, de Fabiano Puhlmann, psicoterapeuta especializado em deficiência física.

Sexo é vida!

Encontrei um breve texto da pedagoga Gisela Bordwell que aborda fatos interessantes nesta vivência sexual. Para Gisela, que pesquisou bastante sobre o assunto, o principal limitador da sexualidade do lesado medular é o preconceito, próprio e de quem rodeia. E destaca o envolvimento emocional e as fantasias sexuais como grandes aliados na satisfação da libido.
“(…) A criatividade sexual bem explorada é sempre bem-vinda, proporcionando o prazer da proximidade dos corpos, cheiro de suor, toque da pele e a imaginação de união num grau máximo. É a sensação de duas pessoas serem uma só, mesmo que seja num nível imaginário. Fantasias podem e devem ser usadas como meios de sedução, porém não se deve construir uma relação baseada apenas em fantasias. Essa postura seria como construir uma casa sem nenhum alicerce, ou seja, a destruição é certa. Deve sempre ficar muito claro para o casal o que se espera daquela relação para não haver sofrimentos. Todos esses detalhes bem explorados são fortes artimanhas para uma relação saudável quando acompanhados de propósitos bem definidos. 
Estes pequenos truques, quando acompanhados por trocas de palavras que agradam ao coração, palavras de carinho, conforto e apoio moral levam a uma relação completa. O mesmo ocorre quando, através um olhar de aceitação plena entre duas pessoas que se sintam completamente envolvidas emocionalmente na relação por algum charme especial. Também quando a pessoa sente intuitivamente que seu companheiro está se aproximando sem ser avisada. Ou ainda, quando uma delas tem o pressentimento de que o outro está em perigo ou está muito feliz. Tudo isso é resultado de uma cumplicidade muito grande quase sem explicação. Como uma entrega total entre o casal. Algo, por que não dizer, divino, possível de acontecer. (…)” Gisela Bordwell


FONTE NOVA VIDA SOBRE RODAS

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