Namoro à distância dá certo?

Namoro à distância dá certo?

"... Namoro há três anos e sempre tivemos planos de nos casar. Recentemente, meu namorado foi convidado a trabalhar em um outro país da América Latina e estamos, desde então, a muitos quilômetros de distância.

Usamos, é claro, Skype, telefone, email, SMS, etc.. Mas não é a mesma coisa. Ele vem para o Brasil uma vez a cada dois meses e ficamos juntos. Isso já vem se arrastando por um ano e sinto que ele está diferente. Na sua última viagem ao Brasil, ele me pediu um tempo para pensar. Não tem mais certeza do que sente por mim, do que quer, e assim por diante. Estou enlouquecendo com essa história. Preciso entender o que se passa na cabeça dele. Estou perdidamente apaixonada e não tenho forças para seguir sem ele. Você me ajuda? "

A Nely em seu e-mail nos fala muito do Sérgio, seu namorado. Ela conta em detalhes o que ele quer, como ele se sente, como ele é, a viagem, a mudança de país, o trabalho, o sonho, o amor — ele.

Acredito que ela, de fato, só existe a partir da relação. Abriu mão de si mesma, dos seus sonhos, dos seus projetos, da sua vida.

A propósito, ela não tem vida. O dia só começa para a Nely, quando o telefone toca, quando ele a chama.

Ela desistiu de si mesma. Abriu mão de ser muito antes dele viajar e perceber o quanto ela, sua companheira, depende emocionalmente dele.

A questão é, ele quer alçar vôo. Quer mais, pode mais, enxerga mais. Ele tem visão de futuro, tem planos, sonhos, tem desejos.

E, ela? Ela, bem, ela o tem...

Funciona?

Pois é, não funciona. Até porque quando ele se apaixonou pela Nely, ela era muito diferente. Queria estudar, trabalhar, queria ser independente, queria ter vida própria.

Por que, então, a auto-anulação? Por que deixou de ser quem era?

É angustiante viver nessa espera, nessa expectativa do outro dar o tom para que possamos começar a cantar, quem sabe dançar. É terrível viver nessa dependência que limita, diminui, destrói o brilho e a luz de viver. É terrível nos sentirmos sem poder para virar o jogo, voltar a viver. É terrível esse sentimento de impotência...

Bem, posto isso, fica o desafio. Será mesmo que não podemos fazer nada? Será mesmo que não podemos trazer nosso poder de volta e, se for o caso pedir ajuda?

Por que não pensar de outra maneira? É possível pensar por nós e não pelo outro? É possível entender o que vai em nossa cabeça e no coração do outro?  Com relação ao outro, não há muito a fazer, a não ser perguntar, confrontar, dialogar e, isso não quer dizer cobrar, inquerir, ameaçar...

Com relação ao casal,  confiar, agradecer e aceitar que o que está por vir - seja o melhor para os dois é, uma possibilidade

Já com relação às nossas escolhas de vida e ao que depende de nós, tudo pode ser diferente.

Se temos saúde, podemos tudo. Podemos tudo quando a questão é VIDA. Então, faça acontecer. Encontrar forças dentro, despertar nossa espiritualidade, encontrar nossos anjos e santos protetores, reencontrar aqueles que nos amam — familiares, amigos, colegas etc. Fazer um movimento que nos permita o despertar para o ouvir, cuidar, amar e caminhar? Por que não?!

Talvez por isso meu convite para Nely seja: pare de esperar que tudo venha por iniciativa do outro. Ou melhor, enquanto espera, cuide-se, ame-se. Deixe de se maltratar, sofrer, sentir-se incapaz. Com o tempo, o sofrimento dará lugar a uma nova vida. E, nesse momento, estar ou não à espera talvez não seja o centro de tudo… Pense nisso Nely, sinto que você tem uma vida para resgatar e cuidar, uma vida para redescobrir.

Fique com Deus!

Sandra Maia é autora dos livros Eu Faço Tudo por Você — Histórias e Relacionamentos Codependentes, Você Está Disponível? Um Caminho para o Amor Pleno e Coisas do Amor.

Dúvidas sobre relacionamentos? Envie para s2maia@yahoo.com.br que elas poderão ser comentadas aqui no blog

Mais informações sobre a autora no www.sandramaia.com