sábado, 24 de dezembro de 2011

OLHA, QUE PROJETO BACANA: Entidades encerram projeto de saúde sexual para jovens portadores de deficiência visual





A Bemfam - Bem-Estar Familiar no Brasil, organização não-governamental de ação social e sem fins lucrativos que atua na área de planejamento familiar no Brasil, e a Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) encerram, nesta terça-feira (21), em São Luís, o projeto de educação sexual voltado a portadores de deficiência visual chamado Que Legal Saber!.

O Seminário de Encerramento Que Legal Saber! acontecerá das 14h00 às 17h30, no auditório do Hotel Premier, na Avenida do Holandeses, nº 03, na Ponta D’Areia.

O projeto, que conta com o apoio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), visa contribuir para a informação, capacitação, inclusão social e redução de vulnerabilidades em saúde sexual e reprodutiva de portadores de deficiência visual e de profissionais, familiares e outras pessoas envolvidas diretamente com eles. Outras tantas pessoas são beneficiadas indiretamente por meio de ações, campanhas de informação e consultas a materiais distribuídos em instituições e bibliotecas públicas.

Através do Que Legal Saber!, a tecnologia de acesso à Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR) foi compartilhada com a Escola de Cegos do Maranhão (Escema) e o Centro de Apoio Pedagógico (CAP), ambos em São Luís, contribuindo para a informação em saúde sexual e reprodutiva de 110 portadores de deficiência visual e 25 profissionais envolvidos diretamente com eles.

Outras três mil pessoas, entre pais/responsáveis dos deficientes visuais, profissionais da saúde, assistência social e educação, e população em geral, foram beneficiadas por meio de ações, campanhas de informação e consultas a materiais distribuídos em instituições e bibliotecas públicas.

Capacitações – A princípio, os funcionários do BEMFAM passaram por uma capacitação que viabilizou uma maior sensibilização com a temática do projeto, para, em seguida, serem capacitados dez educadores e dez adolescentes que se tornaram multiplicadores das ações desenvolvidas. O projeto ainda viabilizou um intercâmbio técnico com a ida de duas conselheiras do CMDCA para o Instituto Benjamim Constant, no Rio de Janeiro.

Os materiais utilizados pelo projeto foram os chamados materiais táteis, como a “Família Colchete”, que são bonecos confeccionados de pano que representam uma família com pai, mãe, avós, irmãos, com os respectivos órgãos sexuais. O detalhe é que todos os bonecos possuem colchetes em lugares estratégicos para simular cenas como pegar na mão ou beijar. Um modelo peniano e uma vulva também são usados.

Ao todo, o projeto doou à Escema e ao CAP 350 itens com materiais que incluem cartilhas em braile cuja temática aborda questões de aconselhamento de jovens em relação a DST/AIDS, tuberculose, planejamento familiar e sexualidade reprodutiva, e 80 CDs de livros falados que trabalham com a temática da sexualidade.
A intenção das entidades é continuar o projeto ainda em 2011, agora estendido a todos os tipos de deficiência.

Adolescência* - A sexualidade pode se tornar complexa na adolescência, quando as emoções estão à flor da pele. “Minha infância foi tranqüila, mas a adolescência, não. Apaixonei-me por um rapaz e não fui correspondida. Achava que era pela minha cegueira”, diz a advogada Emmanuelle Alkmin.
Emmanuelle, que nasceu cega, afirma que foi criada para não tocar as pessoas. “Então, tinha que descobrir outra maneira de percebê-las. Analiso a voz, o abraço e o aperto de mão.”

A advogada superou os desencontros da adolescência. “Saio com minhas amigas e paquero como todo mundo. Sou tímida e prefiro ser abordada”, conta. A percepção que tem dos homens é tão nítida que ela sabe distinguir os feios e os bonitos. “Normalmente, minha análise bate com o físico. Nunca fiquei com homem feio”, brinca.

Cego desde os oito anos, o historiador Benedito Franco Leal Filho também passou por uma fase difícil na adolescência, apesar de ainda manter conceitos de beleza na memória, adquiridos quando ainda enxergava.
“Eu me aproximava das meninas e analisava o timbre de voz, o toque e a pele. Aí vinham meus colegas e diziam que ela era bonita e outros diziam que era feia. Eu ficava confuso”, lembra.

Diante de informações antagônicas e baseadas nos gostos dos amigos, Leal Filho passou a levar em conta apenas as suas impressões. Para distinguir uma mulher atraente, começou a prestar atenção no que lhe agradava quando estava perto de uma. “A mulher com uma voz suave me chama a atenção. Falar alto, por exemplo, me incomoda.” Além da voz, o historiador passou a valorizar afinidades e foi assim que se apaixonou por sua mulher.

“As pessoas acham que cego não tem vida sexual. É um preconceito achar que não alimentamos desejos e fantasias”, finalizou o historiador.

*Os depoimentos foram retirados do livro Sexualidade de Cegos (Editora Átomo), da Maria Alves Bruns, pesquisadora em sexualidade da Universidade de São Paulo.

O projeto – O Que Legal Saber! é um projeto de educação sexual desenvolvido em parceria com Agencia Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA) que abrange jovens portadores de deficiência visual atendidos no Instituto Antônio Pessoa de Queiroz (IAPQ), em Pernambuco, e no Instituto Benjamim Constant (IBC), no Rio de Janeiro.

O Que Legal Saber! contempla a formação de alunos e professores multiplicadores, que promovem acesso à informação sobre o tema por meio da realização de atividades educativas e da disponibilização de materiais em braile, áudio e recursos táteis para o conhecimento do corpo humano. Para tanto, ampliou-se a capacidade técnica de profissionais de ensino e saúde para lidar com a temática.

Os deficientes visuais participantes do projeto passam a ter mais conhecimento sobre sexualidade, saúde e direitos sexuais e reprodutivos, no contexto dos direitos humanos e da cidadania, e são orientados sobre serviços de saúde sexual e reprodutiva amigáveis em uma perspectiva de gênero e qualidade de atenção.

Este projeto foi premiado em 2009 pela Bristol-Myers Squibb e pela Sociedade Brasileira de Infectologia por sua excelência na forma de incentivo à prevenção do HIV/Aids.

Fonte: Agência Matraca - www.matraca.org.br

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