'Vivo uma relação com um homem casado'
"... por favor, me ajude. Vivo um relacionamento há cerca de cinco anos com um homem casado. Ele diz que me ama, mas em momento algum fala em abandonar a esposa e filhos. Não sei viver sem ele e passo todo o tempo aguardando o dia em que ele irá me escolher. Será que isso é possível? Devo esperar? Amo-o profundamente e sei que ele também me ama."
Então, o que dizer para a Paula?
Vamos dizer à Paula que está se enganando? Que o "tal" não vai abandonar mulher e filhos e, que se o fizer, não será por ela?
Que se um dia a mulher dele descobrir e o mandar embora, ele volta correndo pedindo para ficar? Posso imaginar o discurso "A Paula não significa nada para mim. Foi um erro. Um deslize. Eu vivo para você e para as crianças, por favor, me aceite. Vou terminar tudo com ela. Não posso mais levar essa história, dessa forma. Se quiser, ligamos juntos para a Paula, ela irá confirmar que não temos nada sério."
Ou, vamos dizer a ela para parar de continuar se iludindo e esperar, insistentemente, por um amor que não existe? Dizer a ela que o que está vivendo é uma ilusão e não uma história de amor? Que ela, de fato, não o ama e, sim, criou, ao longo do tempo, uma dependência emocional dele? Que ética e politicamente, ela está incorreta? Que aceitando ser a outra, pode um dia estar na mesma situação? E, então o que vai ser?
Vamos dizer a ela que, a cada 10 amantes, uma consegue ficar com o marido da outra e que, então — sim, continue no risco enquanto o tempo passa?!
O que vai ser?!
Parece-me mesmo que a Paula está vivendo uma história que não é dela. A história real, pé no chão, verdadeira — acontece na casa do "tal". Ela fica com o que sobra. Com o tempo livre, com o que poderia ser.
Então, o que vai ser? O que vamos dizer a Paula?
Vamos dizer a ela que um homem que leva uma vida dupla por cinco anos, não tem intenção nenhuma de se desligar da família?
O que vai ser?
O papel da amante é mesmo complexo e, infelizmente, sem muito êxito. Por isso, fica o convite, o que leva uma pessoa a viver isso? Por que aceitamos nos submeter a esse tipo de situação? De um e outro lado, o que acontece para que essa confusão seja real?
Crenças erradas, falta de auto-estima, amor próprio, paixão, sexo, inexistência de sonhos, projetos, egoísmo, loucura, insegurança, medo, o que nos faz viver essa dor, achando que é amor?!
Reflitam.
Sandra Maia é autora dos livros Eu Faço Tudo por Você — Histórias e Relacionamentos Codependentes, Você Está Disponível? Um Caminho para o Amor Pleno e Coisas do Amor.
Dúvidas sobre relacionamentos? Envie para s2maia@yahoo.com.br que elas poderão ser comentadas aqui no blog
Mais informações sobre a autora no www.sandramaia.com
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