sábado, 7 de janeiro de 2012

Amar um deficiente físico

Eles perderam algo que não poderão recuperar jamais... Mas continuam precisando de ser amados e de amar, tal como nós.
Daniel é um homem encantador... Inteligente e realista, ás vezes, olha-me com aquele ar calmo de quem sabe das coisas, sorri terno e calado. Outras vezes, encosta a cabeça no meu ombro para falarmos dos nossos medos, alegrias e sonhos. Uma vez, ele disse-me que só conseguia sonhar quando estava ao meu lado. Disso, eu nunca me vou esquecer. Quando o conheci, ele já tinha sofrido o acidente que o deixou paraplégico. Tinha 16 anos, e eu 15. Ficámos amigos sem problema nenhum.
A primeira vez em que fizemos amor, eu já tinha 19 anos, e tudo aconteceu de uma forma muito natural. E tive de aprender a conhecer e a lidar com o corpo dele. Sempre com todo o carinho e conversa. O pior, aconteceu quando a família dele começou a desconfiar da nossa "amizade". Foi um problema. Não foi nada fácil até eles, finalmente, entenderem que o Daniel tinha todo o direito de viver a sua própria vida e da forma que entendesse", conta-nos Rafael, 32 anos, professor de liceu.
   Quantos homens mais ousariam apaixonar-se por um «aleijado» ? Se ele for rico, ou possui pelo menos rendimentos suficientes para viver razoavelmente, isso pode facilitar muito as coisas. Mas o que dizer de um homem, nessas mesmas circunstâncias, que ainda por cima precisa de ganhar para sobreviver ?
"Quando conheci o Nuno, fiquei completamente fascinado com ele, por ser o "aleijado" mais bonito que eu já alguma vez vira. Estava paralisado nas pernas e andava com cadeira de rodas. Era moreno muito atraente. Comecei logo a imaginar como seria fazer amor com um homem assim. E quanto mais pensava nisso, mais tinha vontade de experimentar. Até que certo dia não resistimos, e nos beijamos na boca. Ele acabou confessando que tb sempre se sentira muito atraído por mim mas que não tivera coragem para o admitir nem para ele mesmo. No fim de semana seguinte aproveitamos o facto dos pais dele terem saído para fazer compras no hipermercado, e fizemos amor na cama dele.
Apesar do seu problema nas pernas, a parte sexual funcionava perfeitamente e ele teve uma surpreendente erecção. O pénis era de tamanho bem generoso e muito bem feito. Adorei fazer amor com ele apesar das suas limitações. E gostei tanto que acabei por me apaixonar por ele e ele por mim. Só que, alguns meses depois, acabei percebendo que nunca poderia viver completamente feliz e realizado ao lado de alguém com essas limitações, porque ele não podia trabalhar e desse modo seria difícil planear um futuro a dois, e eu sempre fui muito ambicioso", conta Carlos, 37 anos, empresário.

Mas nem todos, decidem renunciar ao amor com um deficiente físico, pelas suas limitações. Ramos, 27 anos, tb, empresário, vive há dois anos com o Pedro, de 25, que perdeu uma perna num acidente de moto. "O Pedro pode não poder fazer as mesmas coisas que os outros rapazes fazem, como correr, ou simplesmente subir sozinho um lance de escadas, mas é o homem que eu amo e o mais maravilhoso que conheci", confessa.
"No sexo e no amor não há limites", diz Mário, 35 anos, deficiente físico desde 1990, quando perdeu ambas as pernas. "O nosso físico muda, mas a cabeça não. Não ia deixar de me sentir atraído por homens, por pessoas, apaixonar-me, amar só por estar numa cadeira de rodas. Apesar do meu físico já não ser o mesmo, eu continuo vivo e as funções sexuais tb continuam funcionando perfeitamente.
Hoje eu estou mais paciente, mais maduro. E tento achar-me uma pessoa normal. Eu acho que foi uma injustiça o que me aconteceu, uma fatalidade, uma coisa que não precisava de me ter acontecido. Eu era um rapaz feliz, cheio de vida, ambições e sonhos, e de repente... Fiquei assim, um corpo preso numa cadeira de rodas.
Eu agora já convivo bem com isso, mas não aceito. Muitas vezes, acontece-me adormecer e sonhar que continuo a ter as duas pernas. É uma sensação tão boa poder andar, correr, saltar e poder sentir os pés batendo no chão... E quando acordo, e percebo que foi tudo um sonho, sinto uma dor tão grande, tão grande dentro de mim, que só me apetece morrer. Apesar de tudo, continuo sonhando com o dia em que, finalmente, irei encontrar um homem que me aceite e ame tal como sou..."
O destino de Mário pode ser tb o teu amanhã, ou ainda hoje, hoje, quem sabe ? E nessa altura vais poder perceber que continuas com um coração para amar, apesar de te faltar alguma coisa que te faz sentir diferente e... indesejado, pela sociedade.

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