segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Marido de grávida que morreu em acidente desabafa: ‘Vou carregar essa culpa até morrer . ’



Landerson Rodrigues conta que há 12 anos perdeu a primeira mulher e a filha de dois anos em outro acidente de carro.
Primeiras horas de 2012. Depois da festa de ano novo em uma chácara na grande São Paulo, o comerciante Landerson Rodrigues levava a família de volta para casa, na Zona Sul.
Quase 01h30, ele entra à esquerda, reduz a velocidade e cruza a avenida no sinal vermelho. O carro é atingido em cheio por outro. No impacto, a mulher de Landerson, grávida de sete meses, é jogada para fora do carro, e morre.


Médicos ainda tentaram salvar o bebê em um parto de emergência, mas ele também não resistiu. A filha de Landerson, de oito anos, e uma sobrinha, que também estavam no carro, não se machucaram. Duas pessoas serão responsabilizadas pelas mortes: o motorista do outro carro, Carlos Alberto Fiore, de 29 anos, que havia bebido antes de dirigir, e o próprio Landerson, que passou no sinal fechado.


No meio dessa tragédia pessoal que ele vem vivendo, Landerson decidiu conversar com o Fantástico com uma condição: que o rosto dele não fosse mostrado.


Fantástico: O fato de você ter sido indiciado por homicídio culposo por causa do acidente muda alguma coisa na sua vida?


Landerson: Eu acho que fica mais pesado só, eu responder por um homicídio de duas pessoas que eu daria a vida. Se ela precisasse do meu coração, eu não ia pensar duas vezes em arrancar, e eu vou responder por isso.


Landerson conta que desrespeitou a sinalização porque teve medo de ficar parado na madrugada.


“Eu não vou ficar parado na madrugada no farol esperando acontecer uma tragédia, talvez um assalto, um cara se desesperar, dar um tiro. Então, você fica meio que numa sinuca de bico”, justifica.


Fantástico: Você confirma que passou no sinal vermelho?


Landerson: Eu confirmo que eu cometi esse delito de passar no sinal vermelho. Cometi um erro e estou pagando esse preço aí.


Landerson diz que não tinha bebido, mas ele não foi submetido a exames após o acidente.

“Não bebi. Não bebi. Eu estava ciente do que eu tava fazendo completamente”, afirma.


Uma perícia vai determinar a velocidade em que vinha o outro carro.


Fantástico: E a sua esposa foi lançada para fora?


Landerson: Quando eu saí do carro, ela tava na calçada. Eu me lembro disso, ela ensanguentada, eu abraçando ela, pedindo pra ela não dormir.
Carlos Alberto Fiore foi preso em flagrante e indiciado por embriaguez ao volante e duplo homicídio doloso, quando existe a intenção de matar. No carro dele, havia cerveja e outras bebidas.


E segundo a polícia, além do álcool, ele tinha consumido cocaína naquela noite. O Fantástico teve acesso aos resultados do exame feito voluntariamente pelo motorista cinco horas depois do acidente.


Segundo o laudo, ele andava de forma desequilibrada e tinha hálito discretamente etílico. Estava desorientado e tinha dificuldade de atenção e de concentração.
Ele não conseguiu fazer o movimento chamado calcanhar-joelho, conhecido como quatro.


Também teve problemas com outros dois testes: não foi capaz de juntar os indicadores nem de apontar o nariz com o dedo.


Carlos Alberto Fiore foi liberado na sexta-feira (6) do Centro de Detenção Provisória de Pinheiros. Ele pagou a fiança de R$ 20 mil e vai responder ao processo em liberdade.
Fiore já foi processado por dirigir embriagado, mas não teve a carteira de motorista suspensa porque o caso ainda não foi julgado. Landerson Rodrigues foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.


“Ele não observou regra básica de trânsito e atravessou a via em alta velocidade com o sinal desfavorável a ele”, explica o delegado Airton Sante Amore.


O advogado de Landerson espera que o cliente seja absolvido sem julgamento, já que a Justiça pode considerar que a perda da mulher e do filho é maior do que a pena pelo crime ele cometeu.


“A gente não vê um cidadão que de repente incorreu em culpa por negligência ou por imperícia ”, diz o advogado Marco Antônio Arantes de Paiva.

O Fantástico procurou a família e os advogados de Carlos Alberto Fiore, mas eles não quiseram gravar entrevista. Com a morte da mulher e do filho, Landerson revive uma tragédia.


Há 12 anos, ele perdeu a primeira mulher e uma filha de dois anos em outro acidente de carro. “Veio um caminhão e pegou a lateral que ela estava. Elas estavam em cinco pessoas no carro. Seis, três crianças e três adultos. Só morreu minha mulher e minha filha também. Os outros sobreviveram”, lembra.

Daquela vez, ele não estava junto. “É duro de você perder uma família. Um filho pra mim é tudo na minha vida. Um filho é uma coisa sua. Ele tem você como um herói, e de repente esse herói falha” lamenta.


Fantástico: Você se sente culpado por isso?


Landerson:Eu tenho essa culpa dentro de mim, não precisa de um juiz querer me condenar, o delegado, quem for. Eu tenho ela comigo. Eu vou carregar ela até que dia? Até eu morrer.

FONTE ; FANTÁSTICO
TV GLOBO

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