“Há 60 anos, transformamos pequenos movimentos em grandes revoluções”, com esse chamado, em breve começará a ser veiculada na mídia impressa, radiofônica e televisiva a campanha de 60 anos da AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente. O objetivo da ação é agradecer à população pela confiança na AACD nesses 60 anos, a qual é colocada em prática por meio das inúmeras doações que contribuíram consideravelmente para o crescimento dos serviços prestados pela entidade. No ano passado, a AACD beneficiou mais de 1.347.777 pessoas com serviços de terapia, cirurgias e aulas.
Todo este belíssimo trabalho realizado começou por meio do sonho de um médico brasileiro, o Dr. Renato da Costa Bonfim que, juntamente com um grupo de idealistas, decidiu tornar realidade a criação de um centro de reabilitação no Brasil voltado às pessoas portadoras de deficiência.
Desde o início, um dos objetivos do Dr. Bonfim era assegurar à população que esse empreendimento teria o mesmo nível de qualidade dos centros de reabilitação dos países estrangeiros. E, seguindo essa ideologia, no ano de 1950 foi inaugurada a AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente, em um terreno doado pela Prefeitura de São Paulo na Zona Sul, na Rua Ascendino Reis, nas imediações do Ibirapuera. Anteriormente, a entidade funcionava em dois sobrados que eram alugados para tais fins.
Nesse mesmo contexto, em meados da década de 50, veio o surto da poliomielite que é conhecida popularmente como paralisia infantil. O vírus estava infectando muitos jovens e, em certos casos graves, as consequências levavam à morte. Até os anos 50, os médicos e especialistas só pensavam em descobrir a origem da doença. Porém, após essa época e graças ao avanço das novas tecnologias foi descoberta a vacina para combater esse vírus.
Com toda essa inquietação de pessoas sendo infectadas e famílias sem preparo para lidar com a essa nova realidade, a abertura da AACD surge como uma tábua de salvação para as pessoas que precisavam de auxílio. Em junho de 1963, foi inaugurado o centro de reabilitação da AACD , um grande passo no tratamento dos pacientes da instituição. Ele funciona até hoje no mesmo endereço.
Com o passar dos anos, a instituição que hoje é considerada um centro de referência no tratamento de portadores de deficiência no país, não se limitou apenas ao tratamento físico em si, ela também percebeu que agregar outras especialidades como os serviços pedagógicos, social e contratar profissionais habilitados para ministrarem aulas nas séries de Educação Infantil (Jardim ao Pré-Escolar) e até a 4ª série do Ensino Fundamental traria excelentes resultados na vida de seus pacientes.
Atualmente, a AACD realiza cerca de 5.760 atendimentos diários em suas 9 unidades distribuídas pelo Brasil: AACD Ibirapuera (SP), AACD Mooca (SP), AACD Osasco (SP), AACD São José do Rio Preto (SP), AACD Recife (PE), AACD Uberlândia (MG), AACD Porto Alegre (RS), AACD Nova Iguaçu (RJ), AACD Joinville (SC).
AACD atende diversas patologias e conta com especialistas de várias áreas. As atividades aplicadas nos centros de reabilitação contribuem na recuperação do paciente que encontra na AAcd atendimentos de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, Psicologia, Pedagogia, natação terapêutica e Hidroterapia, Artereabilitação, musicoterapia, reabilitação desportiva e Programa trabalho eficiente.
A sede da AAcd está localizada em uma área construída com 25.109 m². é a maior e mais equipada unidade de toda a instituição e tem capacidade para realizar 2.430 atendimentos por dia. está dividida nos seguintes setores: centro diagnóstico e centro de reabilitação, laboratório de marcha, laboratório de Bioengenharia e ortopedia.
As atividades do centro diagnóstico tiveram início em 1996, com a fi nalidade de atender a demanda de pessoas portadoras de defi ciências especiais e também àquelas que não têm defi ciências, mas que por alguma fatalidade momentânea necessitam realizar algum exame mais específi co. Há disponíveis os exames de eletroneuromiografia; urodinâmica; cardiologia (eletrocardiograma / ergometria / ergoespirometria); raio x digital telecomandado; ultrasonografi a; tomografi a computadorizada modelo helicoidal; nasofibrolaringoscopia; videodeglutograma e BerA.
o centro de reabilitação da AAcd tem como objetivo ajudar os pacientes a desenvolverem habilidades que até então eram limitadas. o apoio da equipe de profi ssionais que trabalham neste setor é fundamental para que o paciente tenha a motivação em superar os seus próprios limites. os profi ssionais que atuam nessa área são altamente competentes e especializados, mantêm constantemente a atualização de seus estudos para que possam contribuir na melhoria dos pacientes que atendem.
o laboratório de marcha é voltado às crianças e adultos portadores de deficiências físicas e pessoas com alterações da marcha que necessitem de diagnóstico seguro e preciso. A importância de um diagnóstico específi co permite que o médico intervenha, clínica ou cirurgicamente, com a segurança de agir diretamente sobre a musculatura ou articulação afetada.
A função do laboratório de Bioengenharia é desenvolver projetos para promover o bem-estar e o conforto dos portadores de deficiência física. e, para isso, os profissionais projetam todo o seu conhecimento em pesquisas para criarem novos aparelhos e acessórios de reabilitação, baseados nas ideias do corpo clínico da AAcd e nas publicações científicas internacionais. Além disso, trabalham para melhorar a qualidade dos produtos atuais e dos processos de manufatura interna dos componentes das próteses e órteses desenvolvidos.
graças ao alto nível de especialização de seus técnicos, a oficina ortopédica da AAcd funciona como um centro internacional para a formação de técnicos em órteses e próteses. Por meio de seus cursos, já formou mais de 700 profi ssionais vindos de diversas regiões do mundo. Possui uma área de 1.673 m², onde noventa técnicos trabalham na fabricação de vários modelos de órteses e próteses para membros superiores e inferiores, coletes para tratamento de deformidades ou qualquer outro tipo de acessório para reabilitação.
A partir da inauguração da primeira unidade em 1950 e com os benefícios proporcionados a toda comunidade, o serviço social realizado pela AAcd necessitava de mais espaço físico para atender aos moradores de outras regiões de são Paulo e de todo o Brasil. e uma das fontes de renda com maior participação na construção e manutenção de novas unidades da instituição é conquistada com doações feitas por meio de uma maratona televisiva que reúne diversos artistas, o Teleton.
este projeto foi criado há mais de quarenta anos nos estados unidos pelo ator Jerry lewis, que tem um fi lho portador de defi ciências especiais. As edições do teleton são realizadas em mais de 20 países da europa, América do norte e América do sul e os países participantes adquiriram o direito para usufruírem desse projeto.
Promovido pelo sBt, a 1ª edição do teleton aqui no Brasil, em 1998, arrecadou r$ 14.855.000 e sua verba foi destinada para construir e equipar o centro de reabilitação da AAcd em Pernambuco. na última edição do evento, realizada nos dias 23 e 24 de outubro do ano passado, as doações superaram expectativas e por meio da sensibilidade da sociedade brasileira, o total arrecadado foi de r$ 19,3 milhões. foi durante esta edição do teleton que o ex governador José serra e o Prefeito gilberto kassab entregaram o protocolo de intenções que prevê a doação de dois terrenos municipais para a construção de duas novas unidades da AAcd, uma delas no extremo sul da zona sul.
Além do teleton, há também outras formas de se arrecadar recursos fi nanceiros e garantir o atendimento gratuito de pacientes que procuram a AAcd e, uma delas, é a confecção de cartões de natal e brindes comerciais que podem ser personalizados com o nome do cliente.
esta atividade já existe há mais de dez anos e as gravuras contidas nos cartões de natal são escolhidas por meio de um concurso que reúne artistas plásticos de todo o Brasil.
no fi nal do ano passado, a AAcd promoveu uma feira de artesanato com produtos promocionais onde toda a renda obtida foi destinada aos pacientes que são atendidos na instituição. como era época de natal, diversos itens temáticos foram comercializados. Havia de tudo, desde trufas de chocolates até produtos como porta-jóias, porta-retrato, bordados, tricot, crochê a preços com valores de r$ 0,50 a r$ 100,00.
e o mais gratificante de tudo isso é saber que todos os produtos expostos durante a feira foram confeccionados pelos próprios pacientes. isto é mais uma prova de que as atividades desenvolvidas pela AAcd contribuem positivamente na autoestima e na autoconfi ança dos portadores de deficiências especiais, possibilitando-os melhor qualidade de vida e satisfação pessoal.
em muitos estabelecimentos comerciais é notada a presença de cofres com o logotipo da AAcd. esta ação faz parte da campanha do cofrinho em que o consumidor pode depositar ali a sua doação e ajudar na manutenção das unidades da instituição. estes cofrinhos podem ser encontrados em mais de 6.800 comércios em todo o Brasil.
sócios mantenedores contribuem periodicamente com valores espontâneos, por meio de boletos bancários ou em faturas de cartões de créditos enviado às suas residências. outra forma de contribuição é o fundo Pró-infância da AACD que, sem ônus e com base na lei de renúncia fiscal, permite que pessoas físicas e jurídicas possam doar parte do seu imposto de renda para um dos cinco projetos do fundo Pró-infância da AACD.
Voluntariado, mais do que ajuda, uma lição de vida.
uma forma muito gratifi cante de ajudar e que merece toda a atenção é o trabalho voluntariado. Atualmente, a AAcd conta com os serviços de 1.700 voluntários – homens e mulheres, distribuídos entre todas as unidades, incluindo as escolas especiais (victor oliva e santana).
são pessoas dotadas de seriedade que dedicam parte de seu precioso tempo apoiando o quadro de profi ssionais da instituição em benefício ao paciente. o voluntariado contribui também para as arrecadações e são os responsáveis pelo bazar da instituição, aberto diariamente. Para se tornar um voluntário, além do comprometimento da pessoa, a idade mínima exigida é acima dos 25 anos.
segundo magda de Jesus, gerente do voluntariado da AAcd, há voluntários vindos de diversas localidades inclusive do interior e litoral. “somos 1.500 voluntários que doamos quatro horas semanais, uma vez por semana de segunda a sexta-feira no horário comercial do Brasil”, explica magda.
Ao se realizar qualquer tipo de trabalho voluntário, o maior benefi ciado será sempre aquele que está doando sua energia e não aquele que a está recebendo. As histórias de como os trabalhadores voluntários chegaram até a AAcd são inúmeras, mas o sentimento que as unem é o mesmo, a caridade e o amor em benefício ao próximo.
foi assim que a AAcd entrou na vida da diretora de escola aposentada dalva vírginia de Jesus, de 63 anos, que relata como conheceu o trabalho desenvolvido pela instituição. “estava de passagem em frente à instituição e resolvi entrar para pedir informações sobre o trabalho voluntário e isso já dura 12 anos”, comenta d. dalva toda orgulhosa em ser coordenadora voluntária das unidades escolares de santana e victor oliva.
em relação aos benefícios obtidos, depois que decidiu fazer parte do quadro de voluntariados da AAcd, ela reitera: “Passei a enxergar a vida de uma forma mais leve, entendendo que pessoas que realmente têm problemas não reclamam da vida, e isso é uma lição de vida diária”.
Mercado de trabalho para deficientes físicos.
de acordo com último censo realizado pelo iBge – instituto Brasileiro de geografia estatística, 24 milhões de pessoas têm algum tipo de defi ciência, desse total, 14 milhões têm idade para fazer parte do mercado de trabalho, por isso, a lei hoje determina que uma empresa com 100 ou mais empregados tenha de 2% a 5% dos seus cargos preenchidos por pessoas reabilitadas ou portadoras de defi ciência. esta possibilidade de atuação profi ssional gerou uma mudança de comportamento na sociedade. Anteriormente, pessoas com algum tipo de defi ciência eram excluídas da sociedade. e o isolamento vinha por parte das próprias famílias que, praticando essa ação, acreditavam que assim estavam protegendo-os de discriminações alheias. mas graças à conscientização e adequação à nova lei, ir ao supermercado, a uma farmácia ou a universidades e ser atendido por uma pessoa portadora de defi ciência especial já não é algo incomum.
Para a psicóloga da AAcd, Adriana Pardini, “inserir o paciente no mercado de trabalho, oferece oportunidade para que o mesmo desenvolva suas potencialidades, impactando positivamente em sua e qualidade de vida“.
e é justamente o que o Programa de trabalho efi ciente da AAcd realiza diariamente, pois desenvolve atividades para restaurar e preservar a capacidade profissional do paciente em reabilitação. entre os métodos utilizados, há entrevistas individuais ou em grupo, orientação educacional, com aplicação de testes específicos, se necessário; contatos com instituições e firmas prestadoras de serviços, pesquisando vagas existentes no mercado de trabalho; encaminhamento; reavaliação dos indivíduos após o encaminhamento, para uma efetiva reintegração e contatos com os empregadores para avaliação de cada caso.
Superando limites.
desde a década de 50 até os dias atuais, a AAcd tem realizado um papel social muito importante na vida das pessoas. uma instituição preocupada em manter a excelência em seus atendimentos e proporcionar o bem-estar das pessoas portadoras de defi ciências especiais tem belas histórias de superação para contar.
Uma delas pode ser conferida no site da instituição e é contada por daniela silva Alves Amorim, mãe de felipe Alves Amorim. felipe era uma criança que não tinha uma coordenação motora desenvolvida em relação às crianças de sua faixa-etária. ele não andava e pegava os objetos com a boca. felipe estava com quatro anos quando daniela decidiu levar o garoto para fazer um tratamento na AAcd. Por meio de terapias, felipe começou a se desenvolver e a executar atividades que antes não realizava.
“Hoje o felipe é outra criança, usa prótese, anda, joga bola, faz capoeira, natação e adora jogar vídeo game. ele inclusive aprendeu a ler e escrever, por esse motivo falamos que a AAcd é a nossa segunda casa. o momento mais importante aqui dentro da AAcd para o felipe foi quando ele colocou as próteses das pernas e começou a aprender a andar. não tem dinheiro que pague o que sentimos naquele momento tão especial, nunca vamos esquecer”, relata a mãe Daniela.
E é esse o propósito da AAcd: promover a transformação na vida das pessoas para que as limitações não as intimidem e cada obstáculo seja visto como uma etapa a ser ultrapassada. A força interior é algo imensurável, que só aqueles que têm fé é que sabem a grandiosidade desse sentimento.
Em breve uma AACD em nossa região Com tantos benefícios que a AACD promove em todo o Brasil, agora é a vez dos moradores da região do Extremo Sul de São Paulo usufruírem dos serviços prestados pela instituição sem ter que se deslocarem de suas localidades para receber o atendimento prestado pela instituição. Por meio de uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o Governo do Estado serão construídas duas novas unidades da AACD na Capital paulista, uma na Zona Sul e outra na Zona Norte. A Prefeitura de São Paulo fez a doação de dois terrenos com aproximadamente 5 mil m² localizados na Avenida Miguel Yunes, 491, em Campo Grande, na Zona Sul, e na avenida Zaki Narchi, 356, em Santana, na Zona Norte. Estas duas unidades, em conjunto, terão a capacidade de realizar cerca de 430 atendimentos por dia e toda a administração será realizada pela instituição. A inauguração dessas novas unidades acarretará na redução das fi las de espera na sede AACD e também na unidade da Mooca, que atualmente atendem a demanda de pacientes de toda a Capital de São Paulo. De acordo com a AACD, o contrato referente à aquisição do terreno doado na Avenida Miguel Yunes está em vias de ser assinado, e tão logo isso seja feito as obras serão iniciadas. Existe uma previsão que a unidade seja inaugurada ainda este ano. Fonte: www.aacd.org.br Sociedade sem Barreiras |
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