sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Gerente de restaurante de explosão vai à polícia em cadeira de rodas


Delegado quer saber como eram as instalações do gás no local.
Corpo da quarta vítima foi enterrado nesta quinta-feira (20).
Jorge Amaral, irmão do dono do restaurante Filé Carioca, onde houve uma explosão no Centro do Rio, chegou de cadeira de rodas para prestar depoimento na tarde desta quinta-feira (20) na 5ª DP (Mem de Sá), acompanhado de dois advogados. Ele deixou o local sem falar com a imprensa. A explosão no restaurante deixou quatro mortos e 16 feridos.

Além dele, um outro funcionário do Filé Carioca e um motorista e um auxiliar, ambos funcionários da SHV, empresa responsável pela troca dos cilindros de gás no restaurante, também prestaram depoimento na delegacia.

A explosão no restaurante ocorreu na quinta-feira (13). O estabelecimento ficava na Rua da Carioca, altura da Praça Tiradentes. O corpo de José Roberto Faria, de 28 anos, a quarta vítima da explosão, foi enterrado nesta tarde, no Cemitério São João Batista, na Zona Sul.

Família de vítima vai processar dono e prefeitura
Mais cedo, Anderson Tavares, filho do chefe de cozinha Severino Antônio, morto na explosão, também prestou depoimento. Ele disse que o pai reclamava com frequência do cheiro de gás e teria falado com o gerente que a mangueira que ligava o gás ao fogão precisava de conserto. O filho comentou, ainda, que o pai não tinha o hábito de mexer no cilindros.

A advogada da família do chefe de cozinha, Clarissa Costa Carvalho, informou que vai entrar com um processo contra o restaurante e a prefeitura já que, segundo ela, Severino trabalhava há um ano e dois meses sem carteira assinada. Ela alega que a prefeitura tem que ser punida por não fiscalizar o local.

“A viúva de Severino não consegue dar entrada na pensão porque ainda não conseguiu comprovar o vínculo trabalhista com o restaurante. Em uma semana, a viúva já foi ao hospital cinco vezes e está à base de calmantes”, disse a advogada Clarissa Costa Carvalho.

Na delegacia, os advogados responsáveis pela defesa do dono do restaurante, Carlos Rogério do Amaral, não quiseram falar com a imprensa.

Troca de gás
Nesta quinta-feira também foram ouvidos um motorista e um auxiliar, ambos funcionários da SHV, empresa responsável pela troca dos cilindros de gás no restaurante. Eles fizeram a reposição de três cilindros de gás, em 11 de outubro, dois dias antes da tragédia. Segundo o delegado, os homens alegaram que para realizar este tipo de serviço não é necessário a presença de técnicos ou de aparelhos medidores. Antonio Bonfim relatou ainda que os funcionários afirmaram usar apenas o olfato e espuma de sabão para verificar se há vazamento de gás.

"Estou aguardando um parecer técnico para saber se o procedimento adotado pela empresa foi o correto. É de se estranhar que uma empresa de grande porte use métodos tão caseiros", comentou o delegado.

A polícia informou que já foram ouvidas 22 pessoas. Na sexta-feira (21), a polícia pretende ouvir um ex-funcionário do restaurante e a viúva do chefe de cozinha Severino Antônio. O delegado espera ter um relatório parcial da explosão até segunda-feira (24).

Outros depoimentos
Na quarta-feira (19), dois fiscais da Secretaria municipal de Fazenda foram ouvidos. De acordo com o delegado, eles alegaram que não havia irregularidade no alvará provisório do restaurante, já que baseados numa resolução, poderiam ser feitas ate três prorrogações sucessivas de alvará, sendo cada uma pelo período de 180 dias.

Segundo a Secretaria de Ordem Pública do Rio, "o Restaurante Filé Carioca tinha alvará provisório emitido em agosto de 2008. Na época da emissão do alvará, a legislação não exigia a apresentação do Certificado do Corpo de Bombeiros. O documento do Corpo de Bombeiros só passou a ser exigido em 18 de setembro de 2008. E a Coordenação de Licenciamento e Fiscalização faz a análise documental para emissão do alvará e não fiscaliza questões relacionadas à segurança".

Antonio Bonfim disse ainda que o dono do restaurante tinha conhecimento sobre a proibição do uso de gás no local. “Ele tinha consciência de que aquela situação era irregular, porque era um local que ninguém podia acessar. (...) Ela não conseguiu até hoje a autorização dos bombeiros porque ele não tinha a planta que descrevia as instalações do lugar”, explicou.

FONTE ;
Tássia Thum
Do G1 RJ

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