sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O homem que chora


Faz poucos dias, um leitor aqui do blog comentou comigo pelo Face que já chorou ao ler alguns textos meus.
E a “confissão” de um homem que afirmou ter se emocionado com minhas palavras tocou-me para esta postagem.
Homens e mulheres podem ser sensíveis,  mas me parece que há um paradigma social que insiste em atribuir essa característica apenas a nós, como se os homens não pudessem externar seus sentimentos – pelas lágrimas ou por outras formas -, sob o risco de terem sua masculinidade questionada.
Na literatura, por exemplo, a presença das autoras femininas no Brasil só se tornou expressiva a partir do início do século XX, principalmente com Rachel de Queiroz. E o que dizer de toda a produção literária escrita por mãos masculinas antes disso? Já imaginaram se a história da poesia brasileira dependesse exclusivamente da sensibilidade feminina?
É claro que o senso comum prega que “homem não chora”. Essa ideia – equivocada, na minha opinião – permeia as relações humanas, as familiares principalmente.
Não é raro ouvir um pai dizendo a seu filho de apenas 4 anos que se ralou todo depois da cair da bicicleta que ele não deve chorar porque é “homem”; ou quem sabe seja a própria mãe que, com receio do que os “outros” vão pensar, chame a atenção do garoto de 10 anos que chorou depois de assistir a um filme comovente. Já tive muitos alunos que gostavam de fazer poesias – de qualidade, é bom dizer -,  mas que eram reprimidos por colegas e até pela família por conta disso. Alguns chegavam a fazer os poemas e entregar apenas para mim, pedindo-me quase um segredo de confissão. Eles tinham receio de que pudessem virar motivo de piada na escola.
Acho muito triste imaginar que um garoto, independente da idade, não invista no seu talento com as palavras porque receie ter sua sensibilidade mal interpretada.
E não sei o que as outras mulheres pensam disso, mas eu acho que homens sensíveis são muito atraentes.
Sensibilidade não é apenas se debulhar em lágrimas por causa do final triste do filme ou do livro ou compor poemas cheios de rimas; ser sensível é não ter pudor em revelar suas fraquezas, seus medos, suas imperfeições.
Um homem sensível consegue ver beleza em pequenas coisas e não se dobra à teoria do “macho dominante”, que apregoa a ideia de que ele não pode mostrar aos outros o que enche seu coração.
Um homem sensível, além de demonstrar seus sentimentos, também tem a delicadeza de perceber o sentimento do próximo, principalmente quando esse próximo é a mulher amada.
Um homem sensível não vai gritar por causa de uma barata, é claro; nesse caso até eu acharia bem estranho.
Mas deixar as emoções invadirem sua alma e tornar isso público não tira o mérito de nenhum exemplar da espécie masculina; pelo contrário.
Não se constranger em ser sensível só prova que ele é um homem admirável.

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