O blog A vida segue Ourinhos conversou hoje com a guerreira Hosana Cristina Morais Faria que dividiu conosco a sua linda história de luta e superação.
A vida segue: Hosana como aconteceu seu acidente?
Hosana: Eu trabalhava no Hospital Geral de Araruama na região dos lagos, entrei de plantão no dia 19 e saí no dia 23 de dezembro, sendo que Deus me incomodou de proposito para ir à igreja, na saída meu irmão já me esperava para tomarmos uma taça de vinho, depois fomos de Cabo Frio à São Pedro da Aldeia, chegando na conhecida curva da morte na BR 10, só deu tempo de dizer “_Vai bater.” Ele foi lançado para fora do carro e eu fiquei presa no sinto de segurança.
A vida segue: Você ainda conseguiu pedir ajuda?
Hosana: Deus me deu forças para ligar para meus pais, falei com eles e com minha filha, em seguida liguei para o hospital que eu trabalhava, para a polícia e para os bombeiros, para um advogado e meu irmão avisei os familiares dele, as pessoas ficaram surpresas com minha atitude.
A vida segue: Você sentia dores ou percebia que algo sério havia lhe acontecido?
Hosana: Não sentia nenhuma dor, só um tempo depois que me dei conta que meu pé direito estava pendurado e ligado apenas pelo tendão, o restante da perna, ou seja, um terço dela estava esmagado, eu a sentia adormecida, as pessoas ficavam doidas querendo me ajudar mas viram que já não tinha mais jeito, nisso chegaram um amigo e uma minha e me ajudaram conversando comigo até a chegada dos bombeiros e eu queria ira para o hospital que eu trabalhava.
A vida segue: O fato de ser enfermeira a ajudou no momento do socorro?
Hosana: Sim eu conhecia os procedimentos, assim que os bombeiros chegaram, eu me identifiquei, respondia as perguntas, disse qual era o meu tipo sanguíneo, imagina que eu queria ajuda-los, pode uma coisa dessas? (sorrisos). Como eu sempre fui obesa, fui dizendo que se eles tirassem o volante eu sairia, pedi para me retirarem com a prancha.
A vida segue: Como foi o atendimento a chegar ao hospital?
Hosana: Primeiramente fui levada ao hospital mais próximo em São Pedro da Aldeia, chegando lá eles disseram que não tinham condições para atender aquele tipo de emergência, encontrei uma colega de trabalho da UTI de Araruama, ela se assustou ao ver que a paciente era eu, então lhe disse que não queria que tirassem minha perna toda e que minha família estava a caminho, recebi todos os cuidados e escutei piadas dos colegas na ambulância no trajeto de volta a Cabo Frio, eu ia pedindo para Deus para eu encontrar um amigo anestesista Dr. Anastácio e recebi essa benção.
Avida segue: Você se sentiu mais protegida ao chegar ao hospital que trabalhava?
Hosana: Sim, o ortopedista que me atendeu foi o Dr. Marços Marins, a enfermeira de plantão foi muito atenciosa, eu pedi para o doutor não cortar toda minha perna, dei entrada no centro cirúrgico às 2hs e saí as 5hs50min, fui levada ao CTI as 6hs e acordei entubada e assustada.
A vida segue: O que lhe deu forças para seguir depois de amputada?
Hosana: O que meu deu força foi saber que eu seria avó pela segunda vez, então eu pensei “Que benção”. Nasceu Ramon em julho de 2004 e eu estava lá, isso foi meu recomeço.
A vida segue: Como é sua vida hoje?
Hosana: Não sou de contar com filho para me acompanhar, vou ao cinema, teatro, pego ônibus tudo sozinha, voltei a trabalhar no hospital e faz dois anos que estou no beneficio e se Deus quiser agora sai a minha aposentadoria (sorrisos).
A vida segue: Quais são os seus objetivos?
Hosana: Eu quero viajar mais e atuar na luta da pessoa com deficiência, eu viajei pela assistência social de Cabo Frio sendo a única usuária a ir representando a cidade em 2009, conheci novas pessoas, fiz contatos, sou usuária do DAPEDE – Departamento de Apoio a Pessoa com Deficiência, participo do CEPEDE – Centro Profissionalizante para a Pessoas Com Deficiência, lá temos pessoas com deficiência mental também, vou aonde as pessoas e chamam para dar palestras.
A vida segue: Como é sua vida social?
Hosana: Eu passeio, namoro uma cadeirante atleta, trabalho, as pessoas normalmente pensam que um cadeirante tem que ficar em casa, mas eu não, sei que precisamos do apoio da família mas também precisamos criar nossa independência, ter uma vida sexual ativa, sou presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, esse ano fui ao OLIMPEDE em Volta Redonda, jogamos nos divertimos muito, nos dias 21, 22 e 23 de outubro estarei no Rio de Janeiro representando as mulheres com deficiência e nos dias 23, 24 e 25 estarei no Rio Centro de Convenções Sul-americana representando a assistência social, sou guerreira e luto por nossos direitos.
A vida segue: Hosana abra o coração e fale aos nossos leitores.
Hosana: A pessoa com deficiência não tem que ficar escondida, estamos aí com a inclusão e só nós sabemos que para isso acontecer devemos nos capacitar, o mundo gira muito, as pessoas acham que jamais terão filhos com deficiência, mas isso pode acontecer com qualquer um e a sociedade tem que aceitar e nós nos fazermos ser aceitos.
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