quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Saiba controlar a agressividade de cães


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Ayrton Mugnaini Jr., especial para o Yahoo! Brasil20 Oct 2011 02:10:36
“O cão é o melhor amigo do homem” uma pinóia, existem também mulheres. E como existem também cadelas, o ideal seria “o ser canino é o melhor amigo do ser humano”. Mas vamos focar na questão do momento: nem sempre o cão se mostra amigo.
Muitos enfrentam os donos ou pessoas estranhas com rosnados, latidos e até mordidas. Pois bem, assim como há pessoas agressivas por temperamento e “ignorantonas”, briguentas e estúpidas por falta de educação, cães também podem e devem ter sua agressividade controlada, inclusive para acabar com a injusta má fama que já tiveram raças como o buldogue e, mais recentemente, pitbull e rottweiler. A solução se resume numa palavra: socialização, a qual tem vários aspectos, que vêm sido abordados em artigos desta série. Mas há outros detalhes que devem ser lembrados.
Agressividade de nascença
O primeiro passo ideal é escolher o cão de acordo com o que se deseja dele. Cães mais agressivos e dominantes são bons para trabalharem na guarda (devidamente socializados, é claro), mas exigem atenção especial para conviverem com idosos ou crianças, e só o farão se não forem demasiadamente ferozes. Eu disse “primeiro passo ideal” porque no mais das vezes são os cães que nos escolhem, quando os recolhemos da rua ou ganhamos e herdamos de outras pessoas. A socialização então pode ser mais difícil, mas é igualmente necessária – e compensadora.
Obviamente, tamanho não é documento nem plaquinha de identificação do Centro de Controle de Zoonoses: como sabemos, caninos de raças de pequeno porte, como chiahuahuas e pequineses, costumam ser tão dominantes e agressivos quanto o mais feroz pitbull. E raça não basta como garantia de pouca ou muita agressividade ou não; o grau desta varia de um peludo para outro e com a idade (por exemplo, o cão só começa a latir e rosnar na adolescência, lá pelos oito meses).
Há duas maneiras de se avaliar a agressividade do bicho. Se for um filhote, quando completar 49 dias de vida, faça nele oteste de Volhard ; se já tiver mais idade, a verificação é feita “a muque” no bom sentido, testando como o cão reage quando imobilizado com a barriga para cima ou tem o focinho seguro e fechado com a mão.
Comportamento agressivo
Afinal, por que um cão é agressivo? Pode ser por vários motivos, inclusive temperamento ou algum trauma. Exemplo: um cão é atropelado e logo em seguida uma senhora o pega e leva ao veterinário, e o cão se mostra agressivo com esta senhora, por relacioná-la ao atropelamento e achar ser ela a culpada; esse tipo de experiência costuma ser a razão por que o cão se mostra hostil com determinados tipos de pessoas (pelo tipo físico, estilo de uniforme ou outro detalhe que possa relembrá-lo de traumas passados ou simplesmente despertar antipatia). Temos também a “coragem” nascida do medo, ou seja, o cão rosna e morde de puro susto causado pelo que não conhece, e que ataca “para se defender”. Para citar o nunca demais citado compositor baiano Gordurinha, “estupidez não é valentia”.
Outro motivo pode ser alguma doença ou ferimento, que o cão disfarça com atitudes agressivas, para ninguém perceber que ele está doente e vulnerável. Se o cão se tornar agressivo do nada e não for possível mudar sua conduta, leve-o ao veterinário e, se necessário, a um especialista em comportamento animal. Muitas vezes a agressividade vem de berço, ou seja, de abrigo, quando o cão é maltratado ou amedrontado por criadores que mereceriam eles mesmos ser socializados.
Tal como os seres humanos, o canino tem vários graus de agressividade, da mais inofensiva à mais perigosa, e a demonstra de várias formas, muitas difíceis de serem notadas pelos humanos. Sinais mais brandos incluem rosnar, deixar cair as orelhas, desobedecer a comandos, pular para cima de animais ou pessoas; demonstrações mais alarmantes incluem mostrar os dentes, pular de forma agressiva e morder.
Os cães mais agressivos devem ser socializados separadamente de outros animais, crianças e idosos até estarem domesticados o suficiente; alguns casos extremos nem devem conviver regularmente com pessoas. Segundo uma pesquisa inglesa, a mais frequente causa de ferimentos faciais em crianças a ponto e exigir cirurgia e reconstituição não são acidentes de carro ou na cozinha, e sim mordidas de cachorros. Mais um motivo, e dos maiores, para caprichar na socialização dos peludos.
Um fator determinante na agressividade do peludo é sua dominância, que, não custa lembrar, é a relação de liderança ou submissão com relação a outros cães ou ao dono, e é movida a dois fatores: instinto protetor e territorialidade, ou seja, disposição para conquistar, ocupar e defender espaços e objetos. A agressividade é normal em animais de matilha, que vivem juntos e competem para ver quem comanda, quem obedece, ataca e defende melhor. Os cães mais “mandões”, de alta dominância, não recuam perante outros seres que julguem ameaça a seu território, sejam outros cães ou pessoas; obviamente, eles demoram um pouco mais a entender que em casa o humano é quem manda, e devem ser submissos o bastante para obedecer aos donos – não ligue para a balela de que um cão socializado perde o pique para ser cão de guarda; ele apenas deve ser mais bem socializado ainda, para atacar apenas ladrões e invasores.
Dando o bom exemplo
Como sempre insistimos, a socialização costuma resolver, se muito bem feita, inclusive em detalhes até sutis. Não adianta o dono exigir pouca agressividade se ele mesmo não for dos mais calmos; o cão interpretará gritos de “PARA DE LATIR!” como “latidos” em outro “idioma” diferente do dele e como incentivo para ele latir mais ainda. Ameaçar o cão desobediente com coleira ou mantê-lo preso o tempo todo são outros erros comuns; coleira deve ser auxiliar para passeio, não uma prisão – sem dúvida deve ter sido isto o que Monteiro Lobato quis dizer quando escreveu sobre Dona Benta dizendo que “a grande desgraça deste mundo é a coleira”.
O bicho deve ser ensinado a não ser hostil com nenhum visitante bem-vindo: parentes, eletricista, tia-avó, namorado etc. Se ele demonstrar agressividade rosnando ou latindo, dê-lhe os comandos de “Não!” ou “É amigo(a)!”. (Ah, sim: espero-o acabar de latir antes de bronquear, para que ele não pense que sua bronca é apenas conversa ou recompensa por ele latir.) Se ele tiver de ficar na coleira, deverá ser recompensado e elogiado se se comportar bem – e deverá ficar preso apenas pelo tempo suficiente. E é bom que ele gaste energia, e portanto agressividade, com brinquedos de morder, passeios e brincadeiras.
Enfim, o provérbio “cachorro que late não morde” não quer dizer que ele não possa parar de latir para morder.... E o equivalente anglo-saxão desse provérbio é mais exato: “Barking dogs seldom bite”, ou seja, raramente mordem. Mas morderão enquanto não forem socializados, é claro.

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