'Ele não me quer mais!'
"Meu nome é Márcia e estou muito confusa. Namoro há quatro meses um rapaz e, por uma discussão boba, ele foi embora e disse que não queria mais me ver. Tudo começou porque uma amiga me convidou para sua festa de aniversário, ele não quis ir, eu insisti e fui, e, quando voltei, ele terminou tudo. Gosto dele e não sei o que fazer…"
"Boa tarde, adorei seu último artigo. Meu nome é Jéssica e moro com um rapaz faz cinco anos. Temos um filho, Matheus, de 2 anos. A questão é: toda vez que brigamos, por qualquer coisa, ele sai de casa. Às vezes, ele passa duas, três noites fora, e depois volta arrependido. Não sei o que fazer. Amo-o, mas estou extremamente insegura."
E-mails como o da Jéssica ou da Márcia são mais frequentes do que vocês imaginam. São situações que trazem a insegurança, o ciúme, o controle, a forma de o outro se relacionar, que está bem distante do que poderia ser normal.
O normal seria: "Eu quero ir à festa e o outro não — então nos sentamos como adultos, negociamos, decidimos o que vai ser...:
"Vou à festa e ele vai ver futebol com os amigos. Vou à festa e ele vai comer pizza com os amigos. Vou à festa e ele ficará em casa lendo.
Ou ainda: "Vou à festa e ele vem comigo para relaxar. Não vou à festa e, juntos, vamos fazer um megaprograma a dois. Não vou à festa e ficamos, juntinhos, 'curtindo' nossa noite em alto-astral".
Então, como você pode ver, leitor, são muitas as possibilidades. Eu poderia descrever aqui outras tantas. Não podemos, afinal, desistir, a todo o tempo do outro, da relação por "bobagens". A questão é: a decisão em consenso precisa ser boa para os dois lados. Precisa ser adulta, discutida e balanceada. Demanda cabeça fria, empatia, sabedoria, maturidade, respeito e amor.
O que for além disso, começa a "minar" a relação. Se não vou somente para satisfazer o ego ou a doença do outro, problema à vista. Imagine se, toda vez que houver um impasse, o outro sai porta afora, batendo o pé, dizendo: "Está tudo acabado. Não quero mais brincar de namoro, de casamento, de qualquer coisa!".
É, meu caro, essa é mesmo uma reação infantil e em nada ajuda a construir uma vida a dois feliz e possível.
De fato, são tantos os problemas que temos de enfrentar num casamento, ou mesmo num namoro — filhos, despesas, afazeres domésticos, diferenças sexuais, amigos, familiares, trabalho etc. ‑, que perder tempo com questões voltadas para a "posse", como EU MANDO, VOCÊ NÃO VAI. EU MANDO, OU É ASSIM OU TÔ FORA. EU MANDO, OU VOCÊ SE ANULA OU NÃO TEM RELACIONAMENTO, honestamente, não dá.
Por isso, fica aqui o convite para que reflitam. Pensem. Entendam o que estão fazendo consigo mesmas e com o outro, esteja você em que papel estiver.
Que tipo de relacionamento você quer viver? Que tipo de diálogo você quer com seu companheiro? Que vida você quer levar? Você aceitará o controle para o resto da vida? Vai controlar, mesmo sabendo que quem controla é o controlado? Quer realmente um companheiro que a controle e que, cada vez que decidir por um programa ou outro, emburre ou vá embora? O que você espera de uma relação saudável? Como acha que uma relação de amor acontece.
Se você, leitor, puder responder a essas perguntas, encontrará a resposta certa para o que vai ser. Esse é também meu convite para Márcia e Jéssica — um mergulho em si mesmas, na busca e no resgate da autoestima, do amor-próprio e do sonho.
Sandra Maia é autora dos livros Eu Faço Tudo por Você — Histórias e Relacionamentos Codependentes, Você Está Disponível? Um Caminho para o Amor Pleno e Coisas do Amor.
Dúvidas sobre relacionamentos? Envie para s2maia@yahoo.com.br que elas poderão ser comentadas aqui no blog
Mais informações sobre a autora no www.sandramaia.com
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