Por Por Pedro Pinto*, especial para o Yahoo! Brasil – 21 horas atrásRacismo: problema de quem e com quem?
Anton Ferdinand, zagueiro do Queens Park Rangers, acusou John Terry, capitão do Chelsea, de racismo. Há racismo no futebol? À primeira vista, sim, porque o futebol é um reflexo da sociedade e, infelizmente, o racismo está presente em muitas sociedades do mundo todo. Além disso, considerando os vários casos em que torcedores ofenderam jogadores durante as partidas, é claro que se trata de um problema grave em algumas partes do mundo.
No entanto, o que me preocupa no momento é apurar se há racismo em campo. Em vista do que aconteceu na Inglaterra recentemente e em outros países, como Espanha e Portugal, onde há relatos de que jogadores ofenderam uns aos outros, as autoridades do futebol devem chamar a responsabilidade para si e tomar providências.
A primeira coisa que é preciso fazer é definir o que constitui comportamento racista em campo.
É racismo se um jogador chamar outro de “negro filho da p***”, como John Terry, capitão da seleção inglesa e do Chelsea, teria chamado Anton Ferdinand durante uma partida da Premier League no mês passado? Está insultando Ferdinand pela cor de sua pele ou simplesmente está insultando-o e acrescentando à ofensa a cor da pele como adjetivo? Da mesma forma, é racismo se um jogador negro chamar um rival branco de “branco filho da p***”?
O leitor pode achar que estou sendo tonto, mas é importante fazer esta distinção. Não é a mesma coisa se um jogador chamar outro de “p****”, que é claramente um insulto racista. Portanto, a meu ver, a prioridade consiste em decidir se chamar outra pessoa de negra é racismo. Por exemplo, Eusébio, o lendário jogador português, disse nesta semana que foi chamado de negro milhares de vezes em sua carreira futebolística e que nunca se sentiu insultado. E acrescentou: “Negra é a cor de minha pele e tenho orgulho de ser negro. Talvez ficasse chateado se me chamassem de branco!”
Outro exemplo do motivo pelo qual é importante fazer esta distinção trata de um caso de suposto racismo em uma partida da Premier League de outubro entre o Manchester United e o Liverpool. Patrice Evra, o jogador francês nascido no Senegal, acusou o atacante uruguaio Luis Suárez de racismo por ser chamado de “negro” várias vezes durante o jogo no Anfield.
Assim que o conceito de racismo for definido, as autoridades do futebol precisam escolher uma punição. Neste caso, acho que precisa ser dura. Seria excessivo suspendê-lo por 10 jogos e multá-lo em dois meses de salário? Acredito que não, mas a decisão cabe às autoridades competentes.
Gostaria de acrescentar que o caso Terry está sendo investigado pela Polícia Metropolitana de Londres. Não cabe a mim dizer se o caso é ou não é de polícia, mas não são as organizações do futebol as que deveriam dar o exemplo e lidar com casos desta natureza? Assim, gostaria de convocar as entidades regulamentadoras do futebol a assumir uma postura e mostrar liderança nesta questão. Com tantas câmeras presentes na maioria das grandes partidas pelo mundo afora, é questão de tempo até que outro caso venha à tona. Quando vier, a Fifa ou a Uefa ou qualquer outra entidade competente deve estar pronta para lidar com o problema.
*Pedro Pinto é âncora de esportes da CNN International e no Brasil escreve exclusivamente para o Yahoo!
No entanto, o que me preocupa no momento é apurar se há racismo em campo. Em vista do que aconteceu na Inglaterra recentemente e em outros países, como Espanha e Portugal, onde há relatos de que jogadores ofenderam uns aos outros, as autoridades do futebol devem chamar a responsabilidade para si e tomar providências.
A primeira coisa que é preciso fazer é definir o que constitui comportamento racista em campo.
É racismo se um jogador chamar outro de “negro filho da p***”, como John Terry, capitão da seleção inglesa e do Chelsea, teria chamado Anton Ferdinand durante uma partida da Premier League no mês passado? Está insultando Ferdinand pela cor de sua pele ou simplesmente está insultando-o e acrescentando à ofensa a cor da pele como adjetivo? Da mesma forma, é racismo se um jogador negro chamar um rival branco de “branco filho da p***”?
O leitor pode achar que estou sendo tonto, mas é importante fazer esta distinção. Não é a mesma coisa se um jogador chamar outro de “p****”, que é claramente um insulto racista. Portanto, a meu ver, a prioridade consiste em decidir se chamar outra pessoa de negra é racismo. Por exemplo, Eusébio, o lendário jogador português, disse nesta semana que foi chamado de negro milhares de vezes em sua carreira futebolística e que nunca se sentiu insultado. E acrescentou: “Negra é a cor de minha pele e tenho orgulho de ser negro. Talvez ficasse chateado se me chamassem de branco!”
Outro exemplo do motivo pelo qual é importante fazer esta distinção trata de um caso de suposto racismo em uma partida da Premier League de outubro entre o Manchester United e o Liverpool. Patrice Evra, o jogador francês nascido no Senegal, acusou o atacante uruguaio Luis Suárez de racismo por ser chamado de “negro” várias vezes durante o jogo no Anfield.
Assim que o conceito de racismo for definido, as autoridades do futebol precisam escolher uma punição. Neste caso, acho que precisa ser dura. Seria excessivo suspendê-lo por 10 jogos e multá-lo em dois meses de salário? Acredito que não, mas a decisão cabe às autoridades competentes.
Gostaria de acrescentar que o caso Terry está sendo investigado pela Polícia Metropolitana de Londres. Não cabe a mim dizer se o caso é ou não é de polícia, mas não são as organizações do futebol as que deveriam dar o exemplo e lidar com casos desta natureza? Assim, gostaria de convocar as entidades regulamentadoras do futebol a assumir uma postura e mostrar liderança nesta questão. Com tantas câmeras presentes na maioria das grandes partidas pelo mundo afora, é questão de tempo até que outro caso venha à tona. Quando vier, a Fifa ou a Uefa ou qualquer outra entidade competente deve estar pronta para lidar com o problema.
*Pedro Pinto é âncora de esportes da CNN International e no Brasil escreve exclusivamente para o Yahoo!
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